segunda-feira, 1 de novembro de 2010

CABAÇA NA CABEÇA


*Alessandra Cavalcanti

Em todo o mundo, milhões de pessoas colecionam os mais diversos objetos. Tem gente com mania de guardar selos, cartões postais, bonés, chaveiros, máquinas de escrever, celulares, calculadoras antigas. E o que poderia ser considerado um simples hobby, acaba sendo uma atividade cultural por excelência.

No município de Tobias Barreto – distante 113 quilômetros de Aracaju –, a aposentada rural Maria Elza de Oliveira, de 62 anos, coleciona cabaças. É isso mesmo! São aqueles objetos parecidos com cuias, e que, aliás, são assim chamados em outras regiões.

Às cabaças, também foram acrescidos termos como porongo e taquera. E seja qual for a nomenclatura, elas são, nada mais nada menos, do que uma planta trepadeira presente no Norte e Nordeste brasileiro, comumente utilizada como utensílio indispensável no dia a dia das tribos indígenas.

PRAZER
O hábito prazeroso da simpática Maria Elza – que sorri ainda mais quando percebe os olhos curiosos e deslumbrados da reportagem – é mantido há muitos e muitos anos. Sua casa é ornamentada com cabaças dos mais variados tamanhos e chama a atenção de quem passa por perto.

“Desde criança tenho essa mania. Comecei a catar as cabaças no sítio do meu avô. E desde aquela época vou recolhendo todas aquelas que encontro”, diz a criativa senhora. Natural do município baiano de Olindina, Maria Elza fixou residência em Tobias Barreto há mais de 30 anos, levando consigo a velha e gostosa mania.

Segundo ela, ‘baiano gosta de cabaça’. Sua coleção já foi bem maior, mas diminuiu porque sempre que familiares e amigos vêm visitá-la levam consigo uma ‘cabacinha envernizada’ como lembrança. “Se eu fosse contar todas as que já tive, certamente daria para encher a carroceria de um caminhão”, diz a colecionadora, deixando escapar um certo saudosismo pelas peças que se foram.

Mas logo ela se conforma ao recordar que se foi Deus quem fez, por que um presente assim será negado a quem lhe pede? “Vale lembrar que também sou presenteada quando recebo dos amigos o convite para visitar suas terras e trazer novas peças de lá. Volto cansada, trazendo nas costas as cabaças dos lugares onde passo, mas não deixo nenhuma sequer”, brinca Maria Elza, mostrando que colecionador que se preza não deixa a mania no meio do caminho.

Foto: Arnon Gonçalves

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