segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sai pra lá, solidão!


Nada de ficar sozinho e triste! Solteiros, separados, divorciados e viúvos podem contar com o ‘Ímpares com Cristo’: projeto da Igreja Presbiteriana 12 de Agosto que surgiu há quase 7 anos para reforçar o que diz a Bíblia, no livro de Salmos: "Deus faz com que o solitário viva em família"

Alessandra Cavalcanti

Uma maravilhosa ideia que nasceu da necessidade de envolver pessoas solteiras (a partir de 25 anos), separadas, divorciadas e viúvas em atividades interessantes e saudáveis, melhorando sua saúde emocional e restaurando sua vida espiritual – considerando que a maioria traz histórias de perdas, dores, abandono e decepções. Com esse objetivo, nasceu o Ministério Ímpares com Cristo, em 2005.

E apesar de ser um projeto da Igreja Presbiteriana (do Brasil) 12 de Agosto, membros de várias igrejas evangélicas, a exemplo de batistas e assembleianos, também participam. “O Ímpares com Cristo tem sido muito gratificante para todos, inclusive componentes de outros ministérios reconhecem que o nosso grupo é animado, unido, com muitos talentos e dons que são aproveitados em atividades diversas”, comemora a atual coordenadora Ednalva Oliveira.


Ednalva faz uma observação importante, quando acrescenta que geralmente quem não é casado acaba tendo maior disponibilidade de tempo para utilizar, e lamenta o desinteresse de algumas igrejas com essas pessoas, que acabam se afastando por não conseguir espaço dentro da comunidade cristã. As reuniões do grupo acontecem quinzenalmente, em casas diversificadas. Uma vez ao mês, é realizado um intercâmbio com a Primeira Igreja Batista de Aracaju (Piba), na quadra da igreja, onde são realizadas palestras com assuntos de interesse dos grupos.


ATIVIDADES

“Participamos, também, de reuniões de confraternização, de oração, de estudo bíblico, de compartilhamento, dias de lazer, seminários, congressos, classe de Escola Bíblica Dominical (EBD), cultos nos lares, palestras, visitas, e evangelismo”, lista a coordenadora. Nas reuniões dos lares, participam cerca de 30 a 50 pessoas. Já nos seminários e congressos, o público varia entre 100 a 300 ímpares”, explica. E por falar nisso, por que o projeto se chama assim? Ednalva responde. “O nome ‘ímpares’ foi dado ao grupo porque não somos casados. E a junção do ‘Ímpares com Cristo’ se deu porque não estamos sozinhos. Deus cuida de cada um”, ressalta.

Ednalva afirma que através das atividades realizadas e do convívio com pessoas que passaram por situações semelhantes, tem sido possível restaurar a vida emocional e espiritual de cada uma, por meio da construção de relacionamentos saudáveis de amizade.

VEM CONGRESSO POR AÍ

Atenção, ímpares! A coordenadora Ednalva Oliveira convida vocês para o próximo congresso, que acontecerá em Maceió (no Hotel Atlantic), no período de 17 a 19 de agosto. O valor do pacote promocional é de R$ 560, incluindo inscrição, hospedagem, transporte, turismo e todo o material do evento. Mais informações podem ser obtidas com Marta Xavier e com a própria Ednalva, pelos fones 8819-7176 e 8805-6478.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pecado em rede



A internet nasceu para ser ‘arma de guerra’, mas tem sido flecha certeira lançada contra lares, relacionamentos e ministérios. O que fazer para que essa ferramenta tão importante seja bênção no mundo real?

Alessandra Cavalcanti

“A internet aproxima quem está longe e afasta quem está perto. Essa foi a melhor definição que vi para uma ferramenta que tem ocupado totalmente a vida das pessoas”, destaca a servidora pública Marisa Reis, 35 anos. Mãe de dois adolescentes ‘viciados em internet’, como ela mesma define, e esposa de um professor de História que disputa a velocidade da conexão com os filhos, Marisa não esconde a tristeza ao afirmar que sua casa, nos últimos anos, tornou-se um lugar ‘silencioso e sem vida’, graças ao excesso de virtualidade que chegou com a internet.

“Passamos o dia todo fora de casa. Só conseguimos estar juntos à noite, mas ‘juntos’ apenas fisicamente porque, logo que eles chegam em casa, mal tomam banho e já correm para o computador. Nos fins de semana, acontece a mesma coisa. Eles até evitam sair para não largar o vício. Não conversamos, não brincamos, não temos mais tempo para nós. Não sei aonde vamos chegar”, desabafa Marisa.

Não faz muito tempo que a professora Dayse Prudente, 38, flagrou o esposo, em plena madrugada de sábado, com a webcam ligada, totalmente concentrado no desfile – ao vivo e em cores – de uma loira semi-nua, que sequer o deixou perceber a chegada da esposa no escritório onde todas as noites ele costuma ‘trabalhar’ até tarde.

FACEBOOK

O resultado dessa ‘aventurazinha virtual’ foi o incremento que faltava para que, após 14 anos de casamento, Dayse e o pai de sua filha findassem na sala de um advogado, como dois inimigos e papeis bem encaminhados para o divórcio.  Na casa do bombeiro Marcos Álvares Santana, 41, foi necessário bloquear ‘meia dúzia de sites’ para tentar vetar o acesso do filho de apenas 10 anos às páginas pornográficas.



Foi pelo Facebook – site e serviço de rede social – que a advogada Juliana Siqueira, 26, descobriu que o homem com quem havia casado há apenas um ano e meio mantinha um relacionamento com outra mulher antes mesmo de mudar de estado civil. “Ele trabalhava em outro Estado, e lá tinha uma namorada de muitos anos. Como ela e eu morávamos em lugares diferentes, parecia impossível que tudo fosse descoberto”, diz a advogada.

“Um dia, casualmente acessei a página de um amigo do meu então esposo, que morava do lado de lá, e vi uma sequência de fotos de um casal se beijando e passeando numa praia. Não acreditei quando vi que aquele era o mesmo que, diante do altar, da minha família e dos meus amigos, há tão pouco tempo tinha me prometido ser pra sempre fiel”, relembra Juliana.

RELACIONAMENTOS VIRTUAIS

Essas são apenas algumas histórias que servem para mostrar a ação negativa da internet na vida das famílias. Até mesmo algumas assumidamente cristãs não têm escapado dos chamados ‘pecados da net’. O pastor Emerson Porfírio, da Comunidade Presbiteriana de Aracaju (CPA), ressalta que, em casos mais extremos e não muito raros, os relacionamentos virtuais têm extrapolado os limites da internet, ganhando a realidade, culminando no fim de famílias, relacionamentos e ministérios.

“Quantos têm alimentado, através de sites pornográficos, as suas fantasias sexuais? Quantos, com a mente poluída com tanta pornografia, vivem cativos a cobiçar o seu próximo (Mateus 5.28)? A pornografia não é novidade, mas é fato que a internet a tornou mais acessível e menos controlada. O que dizer também dos que fazem uso da internet para falar da vida alheia, espalhar mentiras, denegrir o seu próximo, alimentar os seus desejos consumistas? Aquilo que poderia ser uma bênção tornou-se maldição para a vida de muitas pessoas”, lamenta o pastor.

POR OUTRO LADO...

Apesar dos pesares, Porfírio convida o leitor a imaginar que ótima ferramenta de trabalho tem sido a internet para aqueles que desejam divulgar o evangelho de Cristo. “Se antes a igreja contava com o trabalho dos chamados colpotores, distribuidores de Bíblias que desbravavam os vastos sertões brasileiros, deixando as suas famílias por meses sem as suas presenças, agora ela pode contar também com esse veloz meio de comunicação”, analisa.

Porfírio salienta como tem sido importante o uso da internet na comunicação entre os missionários no campo e respectivos mantenedores. Suas informações, relatórios e pedidos de oração chegam às igrejas em tempo real. “Enfim, a inteligência que Deus deu ao homem esta à disposição dele para o seu bem. No entanto, na contramão desse caminho, há aqueles que se deixam seduzir pelas facilidades da internet. Veem nela um mundo virtual no qual não há muita satisfação a dar a quem quer que seja. Podem ser o que desejam ser através de um perfil. Podem fazer virtualmente o que no mundo real seria reprovado. Dessa forma, escondidos dos olhos da sociedade, mentem sobre si e passam a viver uma vida paralela à realidade”, acrescenta o pastor.

NATUREZA PECAMINOSA

Contudo, o mal não está na internet, mas no coração do homem (Romanos 3.10-18; Tito 1.15). Com ou sem internet, a natureza humana pecaminosa encontrará meios para se manifestar. Emerson Porfírio adverte que cabe a cada um fazer bom uso da liberdade que possui, colocando em prática a recomendação do apóstolo Paulo: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10.31).

“Ao navegarmos pela internet, devemos ter sempre a consciência de que não há lugar no qual possamos nos esconder da presença de Deus (Salmo 139), assim, uma pergunta deve estar sempre viva em nossas mentes: O que estou fazendo edifica ou destrói? Tomando esses cuidados, viveremos bem e daremos graças a Deus pelos benefícios dessa ferramenta”, completa o pastor Emerson Porfírio.

O QUE PENSAM OS POLÍTICOS?

Deputado federal Valadares Filho (PSB/SE)

Falta legislação mais rígida para os crimes de internet, e nós, parlamentares, temos obrigação de promovê-la, a fim de que tenhamos o poder para regrar os abusos. Precisamos de leis firmes e fortes para coibir os excessos dos que usam a internet para o mal da sociedade e da família.

Senador Magno Malta (PR/ES)

Há pecado em todo lugar. A Bíblia diz que o mundo jaz no maligno. Onde tem joio tem trigo. A internet trouxe para nós o lixo do mundo. Hoje, o seu filho não precisa mais passar em uma banca de revista para ver pornografia. Isso sem falar que as bocas de fumo também estão ali dentro do computador e não somente na esquina da sua casa. Na internet, seu filho aprende a fazer bomba caseira, mas também pode aprender a fazer o bem. Então, basta que os pais não sejam analfabetos cibernéticos. A internet vai ser sempre uma ‘moça jovem’, diferente de nós, que vamos envelhecer. Ela é fundamental.

Fique sabendo!

  •  Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente em 2005, cerca de 32,1 milhões de brasileiros acima de 10 anos de idade já haviam acessado a internet. Este número só tem crescido à medida que as empresas provedoras de internet têm popularizado os preços e os meios de acesso.
  • Fruto da Guerra Fria, a internet nasceu como uma ‘arma de guerra’. Ela seria um meio de comunicação militar que resistiria a ataques inimigos, caso os meios convencionais de telecomunicação viessem sofrer algum dano. Ainda entre as décadas de 70 e 80, a internet passou a ser utilizada por civis nas universidades norte-americanas e daí ganhou o mundo
  • Com a presença cada vez maior de internautas online (quase 75 milhões de brasileiros fazem uso regular da grande rede, segundo o instituto Ibope Nielsen), a web já é um dos espaços mais frequentados pelas pessoas.
  • Grandes redes sociais, como o Facebook e o Orkut, já têm mais pessoas como membros do que a população de muitos países. Além disso, a vida virtual ganha cada vez mais horas do cotidiano do homem moderno. O Brasil, por exemplo, é a nação onde o internauta passa mais tempo conectado – uma média de 19 horas e meia por mês –, segundo o Ibope Inteligense.








segunda-feira, 18 de junho de 2012

VIDA CONJUGAL: Casamento X união estável


Será que Deus espera que homem e mulher se testem sentimental e sexualmente para verificar se poderão viver juntos até que a morte os separe? Qual a vontade do Senhor para a vida do casal? 

Alessandra Cavalcanti

Há quase cinco anos, a professora Ana Maria Góis Santos, 27 anos, e o funcionário público Jadson Silva Santos, 28, vivem sob o mesmo teto, como marido e mulher. Apesar de nutrirem o mesmo amor um pelo outro, somente ela pensa em casar, enquanto ele considera o casamento apenas a formalização de uma união que já existe. Detalhe: há algum tempo, Aninha, como é mais conhecida, vem frequentando uma igreja evangélica, em Aracaju, fato que tem aumentado dia após dia o sonho do matrimônio e da maternidade. E aí, como a Bíblia analisa uma união como essa? E como deve ser o casamento aos olhos de Deus?

Segundo o célebre doutrinador de Direito Civil, Sílvio Rodrigues, casamento é o contrato de Direito de Família que tem por fim promover a união do homem e da mulher, em conformidade com a lei, a fim de regularem suas relações sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem à mútua assistência. Por sua vez, a união estável, segundo Sílvio Venosa, outro respeitado jurista, configura-se pela convivência do homem e da mulher sob o mesmo teto (ou não), como se fossem casados.

Não se pode discordar de que uma das tendências do Direito é aproximar cada vez mais esses dois institutos. No entanto, a diferença fundamental, que se reflete na arena da espiritualidade, foge do campo dos direitos civis para se abrigar na própria natureza e origem dessas duas modalidades. O pastor Emerson Porfírio, da Comunidade Presbiteriana de Aracaju (CPA), volta um pouco no tempo para explicar que a iniciação do relacionamento conjugal de forma mais ocidentalizada se deu numa cerimônia na qual os noivos, civilmente habilitados, comparecem diante de um sacerdote (pastor ou padre), na presença de testemunhas. Ali, eles prestam mútuo juramento, comprometendo-se a permanecer unidos até que a morte os separe. Agora marido e mulher, eles contam com a ‘permissão’ da sociedade e a bênção de Deus para gozarem de uma vida em comum, inclusive sexual.

TEMPOS BÍBLICOS

Já nos tempos bíblicos, o casamento tinha início a partir do ato sexual entre homem e mulher (Gênesis 24.67). “Com o curso progressivo da história, vemos o desenvolvimento das expressões de fé e o aprimoramento das relações sociais que se davam em torno da religião judaica. Assim, notamos que no Novo Testamento uma forma mais elaborada havia se desenvolvido. Agora, os acordos entre pais eram firmados numa espécie de contrato de desposamento, no qual o noivo e a noiva se comprometiam um com o outro e ficavam à espera das bodas (festa de casamento). Foi essa a situação vivida, por exemplo, entre Maria e José, quando lhes foi anunciada a vinda de Jesus (Mateus 1.18)”, acrescenta Porfírio.

Desde a forma mais primitiva à mais elaborada de casamento, a Bíblia mostra que ele é firmado sobre o compromisso (aliança) entre os cônjuges de zelarem um pela vida do outro. Essa é a meta que ambos buscarão alcançar diariamente e que dará segurança ao matrimônio. “No casamento, sobretudo o cristão, o casal se une para criar uma nova família com o objetivo de fazê-la dar certo; ou seja, o compromisso, que se propõe eterno, vem antes da família. O pacto (ato de união solene) assumido diante de Deus e da igreja gera por si só o compromisso. No altar, os noivos se assumem como casal e prometem fidelidade e amor até que a morte os separe”, enfatiza Porfírio.

Ao traçar um paralelo entre casamento e união estável, o pastor da CPA destaca que nesse último não há nenhum compromisso público que inaugure a relação. “Esta união só se tornará estável, e então passará a gozar de relevância jurídica, se o tempo a confirmar. A constituição de família, no sentido de um objetivo firme e permanente, é acidental à união do casal. Na união estável, o compromisso é que poderá gerar o pacto, isto é, o reconhecimento dos direitos legais pelo Estado. Em suma, o casamento é um pacto público para a vida toda e a união estável é apenas uma situação de fato que a lei lhe empresta certos efeitos jurídicos”, esclarece o pastor.

“A orientação que dou é que se um homem e uma mulher se amam e se comprometem mutuamente em construir um relacionamento seguro, firmado numa aliança de mútuo amor, no qual Deus será o centro, por que não assumi-lo publicamente através do casamento? A Bíblia apresenta o casamento com duas expressões: o compromisso interior (amor) e o compromisso exterior (acordo, aliança). O casamento, que se edifica sobre o amor e a aliança, é um relacionamento que dá segurança a ambos”, acrescenta.

ATENÇÃO E CARINHO

Por fim, o pastor Emerson Porfírio acredita ser esse um assunto que requer muita atenção e carinho, já que as uniões estáveis têm sido cada vez mais comuns, como acontece com Ana Maria e Jadson, por exemplo. Esse e tantos outros casais jamais serão exclusos do cuidado e do amor de Deus. “Muitos dos que constituem novas uniões e uniões estáveis vêm de relacionamentos sofridos, de muita dor e até preconceito. A igreja deve ser, portanto, um lugar de acolhida, no qual essas pessoas serão acompanhadas caso a caso e uma direção lhes será dada. Procuro tratar esse assunto com graça, de forma a restaurar a visão bíblica e abençoadora do casamento, a fim de que homem e mulher não tenham medo construir um casamento à luz das Escrituras”, completa o pastor Emerson Porfírio.

IGREJA EMERGENTE: Púlpito ou vitrine? Eis a questão!


Qual deve ser o lugar do pastor nos dias atuais? É possível escapar das garras da igreja emergente e recuperar a essência do cristianismo, sem ser uma igreja retrógrada e engessada?

Alessandra Cavalcanti

Você participa de uma grande pregação ou de um grande espetáculo quando vai a um culto? Esse questionamento merece uma boa reflexão para que a resposta seja honesta. É um tipo de assunto que, sem dúvida, pode fazer render muito ‘pano pras mangas’. A estudante Maria Paula Sousa, 24 anos, por exemplo, está pensando seriamente em mudar de igreja, porque a sua ‘vem repetindo os sermões frios do pastor ultrapassado’.

“Acho que não adianta contar com um pastor que deixa a sua sabedoria bíblica apenas no campo da teoria. Na igreja que tenho visitado de vez em quando, há mais animação. Isso atrai’, destaca Maria Paula. Talvez seja nesse tipo de ‘atração’ onde mora o perigo. Para o pastor Ronildo Farias, da Igreja Presbiteriana Sião, o abandono da simplicidade do evangelho acaba sendo apenas um dos contratempos da igreja emergente.

“Ela também pode provocar um comprometimento da pureza proposta por Cristo para os seus seguidores, bem como uma conformação maior com as coisas do mundo, promoção da vaidade e do orgulho, além da sonegação da verdade firmada pela Bíblia. Em resumo, a igreja emergente mais confunde do que explica e/ou auxilia”, destaca o pastor presbiteriano.

ESPIRITUALIDADE RASA

Para o teólogo Kevin De Young, um dos autores do livro ‘Não quero um pastor bacana’ (publicado em 2011 pela Editora Mundo Cristão), vive-se um tempo em que pastores e lideranças, em busca de programações atraentes, têm envolvido seus membros em um ativismo desgastante e uma espiritualidade rasa. Desta forma, perdem o foco da propagação do evangelho, enquanto investem tempo e dinheiro para lotar os bancos de suas congregações. “O resultado disso é uma geração de cristãos aparentemente felizes, mas pouco familiarizados com os fundamentos bíblicos”, diz Young.

Assim, percebe-se que um púlpito, um microfone e um pastor são uma combinação que pode resultar, sim, em uma grande pregação, mas também e tão somente em um grande espetáculo. Colocado em altos pedestais, acima de suas ovelhas e, em alguns casos, adorado como o próprio Deus, o sacerdote pode perder o foco de sua verdadeira missão, ministério e vocação - levando a própria igreja para um abismo repleto de beijos, sorrisos, roupa da moda, afagos e pouca base teológica.

VOCÊ É UM PASTOR BACANA?

O pastor Francinaldo Bessa, da Igreja do Evangelho Quadrangular, também foi entrevistado pela Revista Chama. Apesar de lamentar ‘o padecimento’ da igreja com postura emergente, ele acredita que ainda é possível resistir a esse tipo de modernidade e resgatar a essência do cristianismo, sem tornar a ‘casa de Deus’ uma instituição arcaica e engessada.

“Não podemos esquecer que somos pastores e que a sociedade nos vê de forma diferente. Não precisamos ser carrancudos, nem participar de uma igreja fechada, mas apenas agir de forma equilibrada. A casa de Deus é lugar de alegria, de fé, e o equilíbrio vai fazer toda diferença em nosso ministério”, ressalta o pastor Francinaldo.

sábado, 21 de abril de 2012

Justa homenagem: delegado Ronaldo Marinho é 'cidadão sancristovense'


*Foto: SE Notícia
Uma noite de festa para uma homenagem mais que merecida. Assim aconteceu a entrega do título de 'Cidadão Sancristovense' pela Câmara de Vereadores de São Cristóvão ao delegado Ronaldo Marinho (delegado titular do município de Laranjeiras), na última quinta-feira, 19.

A indicação do vereador Antônio Lima, o Pai Véio, foi aprovada por unanimidade e prestigiada pelo presidente da Adepol de Sergipe, Kássio Viana, e demais delegados da Diretoria da Associação, a exemplo do vice-presidente, Alexandre Pires, e do diretor de Assistência Jurídica, Paulo Márcio. O delegado Marcelo Cardoso, policiais civis e familiares do homenageado também estiveram presentes na sessão solene.

Emocionado, Ronaldo Marinho agradeceu a homenagem e reafirmou o seu propósito em benefício da luta em prol da cidadania, do respeito e do progresso das comunidades nas quais tem atuado. O homenageado também reafirmou o seu amor pela Políciia Civil e a alegria pelo título de cidadão sancristovense.


domingo, 15 de abril de 2012

Sobre o silêncio...


"Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores."

Khalil Gibran

Mais uma pra coleção


Com quase 4 mil cervejas - de 132 países -, empresário Eduardo Dantas é o maior colecionador do Nordeste. A bebida é a terceira mais ingerida no mundo e o Brasil aparece na 29ª posição no ranking de consumo

Alessandra Cavalcanti

Há mais de 30 anos, o comerciante Eduardo Dantas cultiva – com muito esmero – o hábito de colecionar cervejas. Isto mesmo! Em um dos cômodos da sua casa, na Fazenda Lages, a 12 quilômetros de Itabaianinha, ele guarda um montante de quase 4 mil cervejas que representam mais de 130 países.

Dispostas em várias prateleiras, as latinhas, latões, garrafas e barris são cuidadosamente catalogados. E a chave do seu ‘cervejódromo’ somente ele possui. Até onde se sabe, a coleção de Eduardo Dantas é a maior do Nordeste. “Há outro louco em São Paulo que tem mais de 21 mil latas guardadas em dois apartamentos fechados. Eu sou um louco em menor escala e creio que estou em primeiro lugar por aqui”, diz, num tom bem humorado.

Quando questionado sobre o porquê de colecionar cervejas, Eduardo Dantas explica que ‘este é um tipo de coleção que não para: está sempre inovando.’ E o mais curioso é que, apesar de exímio colecionador, ele nunca fez da paixão nacional o seu grande vício: costuma beber uma taça apenas para degustação.

CURIOSIDADES

Enquanto apresenta a sua coleção à reportagem, Eduardo Dantas também mostra que entende bem do assunto. Segundo ele, a cerveja é a terceira bebida mais consumida no mundo (perdendo apenas para a água e o chá). A maior cervejaria é a Budweiser, nos Estados Unidos, que também é o país que mais produz a bebida. Na Bélgica, está a maior variedade, mas é na Alemanha que se concentra o maior número de cervejarias por pessoas.

“O maior consumo de cerveja está na Tchecoslováquia. Lá são 180 litros por pessoa/ano. A Irlanda vem em segundo lugar, com 153 litros. O nosso Brasil está bem distante no ranking de consumo. Ele aparece na 29ª posição, com 56 litros por pessoa/ano. O Rio de Janeiro é o Estado com maior número de ingestão: são 90 litros por pessoa”, explica Dantas.

Eduardo Dantas acrescenta que a cerveja chegou ao Brasil com a família real, no ano de 1808. As primeiras cervejas nacionais tinham tampa de rolha que, por causa da fermentação, era amarrada ao gargalo com uma mini-corda. Dantas também explica que contrário ao que se pensa, chopp e cerveja são a mesma bebida.

“A diferença é que o chopp passa pelo processo de pasteurização para que os germes patogênicos sejam eliminados. Algumas pessoas também não sabem que o famoso colarinho (espuma que se acomoda na borda do copo) não é um mero enfeite. Ele atua como isolante térmico e preserva aromas e gás carbônico da cerveja”, esclarece o ‘professor’.

O colecionador Eduardo Dantas nunca recebeu proposta para vender a sua coleção. Ele deixa claro que não tem nenhuma pretensão de fazê-lo, mas que tudo tem o seu preço. “Nos parâmetros normais, eu não venderia. A não ser que o dinheiro oferecido fosse suficiente para que eu não trabalhasse nunca mais”, diz, esbanjando simpatia.

Matéria publicada no Jornal Cinform - Aracaju/SE

Foto:
Marcelle Cristinne

Surpresas risonhas do caminho...

"Abençoadas sejam as surpresas risonhas do caminho. As belezas que se mostram sem fazer suspense. As afeições compartilhadas sem esforço. As vezes em que a vida nos tira pra dançar sem nos dar tempo de recusar o convite. As maravilhas todas da natureza, sempre surpreendentes, à espera da nossa entrega apreciativa. A compreensão que floresce, clara e mansa, quando os olhos que veem são da bondade.

Abençoados sejam os presentes fáceis de serem abertos. Os encantos que desnudam o erotismo da alma. Os momentos felizes que passam longe das catracas da expectativa. Os improvisos bons que desmancham o penteado arrumadinho dos roteiros da gente. Os diálogos que acontecem no idioma pátrio do coração. Abençoada seja a leveza, meu Deus.

Abençoadas sejam as dádivas generosas que vêm nos lembrar que viver pode ser mais fácil. Que amar e ser amado pode ser mais fluido. Que dá pra girar o dial. Que dá pra sair da frequência da escassez e sintonizar a estação da disponibilidade, onde alegrias já cantam, mas a gente não ouve.

Abençoadas sejam as dádivas que vêm nos lembrar, com alívio, que há lugares de descanso para os nossos cansaços. Que há lugares de afrouxamento para os nossos apertos. Que dá pra mudar o foco. Que não é tão complicado assim saborear a graça possível que mora em cada instante. Abençoadas sejam as dádivas generosas que nos surpreendem. Elas não sabem o quanto às vezes, tantas vezes, nos salvam de nós mesmos.”

Ana Jácomo

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Expressão de louvor


Por Carlos Fernandes

O título desta entrevista é o mesmo de uma das canções mais conhecidas do grupo Logos. Mas também sintetiza parte importante da vida do pastor, cantor e compositor Paulo Cezar da Silva. Aos 60 anos de idade e com mais de trinta de carreira – ou, conforme ele mesmo define, ministério –, Paulo é dos nomes mais conhecidos da música evangélica brasileira, de cuja evolução participa desde os anos 70.

Foi naquela época que, ainda aluno do seminário Palavra da Vida, em São Paulo, formou um conjunto musical, já com a presença de Nilma, com quem acabou se casando. A iniciativa entre amigos deu origem, em 1979, ao grupo Elo, que marcou uma geração de crentes. Alguns de seus álbuns, como Calmo, sereno e tranquilo e Ouvi dizer, viraram clássicos, e Paulo Cezar, com sua poesia, uma referência.

A trágica morte do talentoso instrumentista Jayro Gonçalves, o Jayrinho, acarretou o fim do Elo. Mas Paulo quis seguir adiante. “Fui buscar consolo e inspiração na Bíblia”, conta. E foi das Escrituras que surgiu a ideia para batizar o novo grupo. “O nome foi escolhido por significar a palavra viva e por ter tudo a ver com nosso ministério, onde a Bíblia tem centralidade absoluta”, diz o artista.

Com o Logos, Paulo Cezar legou ao público cristão 17 álbuns e pérolas como as canções Mão no arado, Portas abertas e Autor da minha fé. Compositor da maioria das músicas do grupo, o artista defende um louvor com conteúdo – coisa que, segundo ele, já não é prioridade. “A falta de conhecimento bíblico e os interesses comerciais estão na base da superficialidade”, resume.

Apesar da já longa jornada, o Logos não está parado no tempo. Com uma formação que vem se renovando ao longo dos anos, o grupo é a base de um ministério evangelístico cuja sede fica em São José dos Campos (SP). O Logos faz pelo menos três grandes viagens por ano, levando não apenas louvor musical, mas evangelismo, edificação espiritual e encorajamento às igrejas. Em janeiro, o Logos esteve na África, em ação missionária.

Nesta entrevista a CRISTIANISMO HOJE, Paulo Cezar permitiu-se falar de coração aberto sobre o que pensa acerca da indústria musical, do próprio ministério e da Igreja. E não escondeu: “Sonho com bons músicos, crentes de verdade, que rendam seus talentos ao Senhor e testemunhem com suas vidas o caráter de verdadeiros adoradores.”

CRISTIANISMO HOJE – Você é um dos nomes mais conhecidos da música cristã brasileira, tendo acompanhado de perto sua evolução nos últimos 30 anos. O que mudou para melhor e para pior ao longo desse tempo?

PAULO CEZAR – Para melhor, acho que mudou a qualidade técnica. A evolução dos músicos, dos estúdios, dos instrumentos e do som é perceptível. As chances de alguém gravar e fazer um bom trabalho, hoje, são muito maiores do que antes. O que mudou para pior, com algumas exceções, foi o conteúdo, tanto do que se produz como do objetivo com que se canta. Atualmente, a chamada música evangélica, ou “gospel”, está sendo atacada de todos os lados. O mundanismo tomou o lugar da contextualização. Além disso, vemos a repetição de muitos jargões, palavras de ordem e mensagens de prosperidade.

Por que a música evangélica de hoje carece de conteúdo?

As músicas e tais tendências nos conduzem a nomes, mas eu não quero, de modo algum, reconhecer ou classificar adoradores. Afinal, se Deus os procura, quem sou eu para achá-los? Mas creio que as letras são escritas de acordo com várias influências. O conhecimento é um desses aspectos, e é importantíssimo. Ninguém, mesmo que queira, poderá escrever sobre o que não sabe. A falta de conhecimento ressalta a superficialidade e o apelo emocional. Em outras palavras, um compositor ou pregador superficial ficará contente diante de pessoas chorando no altar ou mãos erguidas no auditório – mesmo que os ouvintes não sejam salvos ou que seu caráter não seja mudado nos dias que se seguem. Outro aspecto é a razão. Responder conscientemente ao motivo pelo que se compõe é determinante para quem o faz. E isso é que faz toda a diferença!

Mas essa contextualização é boa ou não?

Acredito que essa tal contextualização tem levado compositores, escritores e pregadores a compor, escrever e dizer o que seus “clientes” gostam, e não o que precisam. Eles não percebem que, agindo assim, perdem a inspiração divina e a própria criatividade.

Ainda existe espaço para grupos de louvor com visão missionária, como Logos e Vencedores por Cristo?

Com toda certeza, ainda existe sim. O Senhor nos tem aberto portas em muitas denominações. Fazemos três grandes viagens todo ano, cada uma com duração de dois meses e meio, nas quais visitamos as igrejas diariamente. Nosso trabalho é evangelístico – e o que queremos é anunciar o Evangelho de forma séria, através de boa música e de mensagens claras e objetivas.

Como foi a viagem à África e como você avalia a realidade espiritual de lá?

Fomos convidados a participar de uma conferência para missionários brasileiros em Dakar, no Senegal. Resolvemos aproveitar a oportunidade para visitar também Guiné Bissau. Nos dois países, estivemos em igrejas, escolas e agências missionárias. Os missionários brasileiros que atuam lá choraram ao ouvir as músicas que foram usadas por Deus no seu próprio chamado ou em momentos marcantes de seu ministério. A rea­lidade espiritual é a de um povo oprimido pela religiosidade. A tradição familiar é muito forte; ela tira a individualidade das pessoas, tornando muito difícil a absorção do Evangelho. Afinal, a Palavra de Deus apresenta uma nova tomada de posição espiritual. E uma mudança religiosa significa rompimento direto, não só com a religião predominante, mas, sobretudo, com a própria família.

O que você e o ministério Logos têm feito no sentido de dar contemporaneidade ao seu trabalho, evitando parar no tempo?

Bem, emprimeiro lugar, temos seguido o exemplo da Bíblia, nunca mudando a essência do que fomos chamados a ser e a fazer. Temos também procurado usar os instrumentos modernos em nossa música. Ao dizer isso refiro-me tanto aos instrumentos que são pessoas, quanto aos instrumentos que são coisas; porém, sempre tomando o cuidado de não permitir que um ou outro assuma o centro das atenções. Estamos conscientes de que, quando a performance ofusca o brilho do conteúdo, só resultados superficiais são colhidos.

Quais são os artistas que hoje atuam e que chamam sua atenção positivamente pela postura e pelo ministério?

Há vários adoradores no meio artístico. Eu prefiro não citar nomes para evitar injustiças, mas resumo minha resposta afirmando que os que chamam a minha atenção são aqueles que têm um compromisso verdadeiro com o Senhor e fazem de suas vidas a maior expressão daquilo que pregam.

É correto alguém dizer que a música é um ministério? Qual seria a base b´blica para tal afirmação?

Vivemos dias em que as nomenclaturas fazem parte de um complexo esquema organizacional. Não creio que isso, em si, seja mau. E é verdade que cada crente tem que achar o seu lugar funcional na obra. Mas a incompreensão do uso de um ministério pode trazer orgulho ou desajuste na função de alguns. A Palavra de Deus nos ensina sobre dons, serviços e ministérios. Entendo que existe aí uma sequência lógica, onde o dom é a capacidade espiritual que o Senhor dá a cada um, segundo o seu propósito, como, por exemplo, a misericórdia. Já o serviço é o meio pelo qual aquele dom é manifesto, como o diaconato. E o ministério é o que é executado no final dessa sequência. Quando isso é entendido, os ministérios voltam ao seu lugar de trabalho, perdendo a característica perigosa de ostentação.

E quando esse entendimento é jogado para escanteio em nome do mercado?

Se eu não tivesse certeza de que este veículo de comunicação circula na Igreja, pularia esta pergunta. Testemunhar de coisas que não são boas não me traz alegria. Acho que as coisas ruins que eu tenho testemunhado são frutos de falsas conversões e de distorções daquilo que alguns chamam de “ministério”: A ganância por posição, popularidade, fama e dinheiro é absolutamente antagônicos ao caráter do Reino de Deus e em momento algum reflete o ministério daquele em quem nos espelhamos, Jesus. Quando sei dos valores que alguns “homens de Deus” cobram para fazer algo “em nome de Jesus,” sinto-me enojado. Não fora minha consciência de ministério, eu me sentiria ultrajado como servo. Mas isso também não me surpreende; a Bíblia está repleta de admoestações relativas a esse tipo de pessoas. Muitos se escandalizam por um político que esconde dinheiro nas meias, não é? Pois isso é muito pouco diante de “servos” que o escondem no coração.

Com a decadência da indústria fonográfica gospel, qual o panorama que se desenha para o futuro? As grandes gravadoras e grupos do segmento estão com os dias contados?

Depende. Acho que, pela ordem natural das coisas, tanto a indústria como o comércio fonográfico terão que fazer adaptações severas. Alguns conseguirão sobreviver; outros, não. O uso da tecnologia moderna é um fator básico do desenvolvimento. As indústrias correrão sempre nessa direção e farão as adaptações necessárias para driblar a crise, abrindo assim um novo cenário. Creio ainda que, diante do mercado paralelo crescente – a pirataria – e com o advento da internet, os valores e condições de pagamento dos produtos dessa indústria se ajustarão a um modo cada vez mais pessoal, fácil e ágil, que satisfaça perfeitamente ao cliente. Isso acabará resultando em maior consumo.

Você tem uma postura crítica em relação à apropriação comercial da música evangélica, particularmente por parte das grandes gravadoras do segmento?

Não sou contrário a essa apropriação da música em si, porque os direitos de um contrato são mantidos por lei. Minhas críticas são por outros motivos. Tenho certeza de que a parte comercial de uma gravadora – evangélica ou não – sempre dará prioridade ao lucro. É o lucro que a fará conquistar o mercado, e por causa disso a visão ministerial, ainda que exista, será considerada em um plano inferior. Não vejo problema em que se venda a Bíblia no bar da esquina. Ora, qualquer um pode vender o que quiser; a diferença, para mim, está só na razão pela qual se faz isso. E é aqui que eu vejo o problema mais sério, quando o conteúdo de uma música realmente cristã não é o produto desejado para ser difundido pelas gravadoras chamadas evangélicas. Vale qualquer coisa, desde que resulte em grana! Então eu pergunto: Onde está a visão do Reino nesse negócio?

O Logos teve uma passagem pela Line Records, gravadora ligada à Igreja Universal do Reino de Deus. O que representou para você aquela experiência?

Quanto à Line Records, sempre tive e tenho por ela profundo respeito. Nunca o Logos foi destratado ali e não há nada pendente em relação ao contrato que fizemos, que foi de distribuição. Tanto, que a previsão do contrato era de dois anos, mas nossa relação perdurou por mais quatro anos além do que foi assinado. Aqui, preciso ressaltar que, embora pessoalmente, discorde de certas práticas e costumes da Igreja Universal – algo, aliás, nunca escondido e respeitado em nosso relacionamento –, reconheço que eles foram sérios conosco, e somos gratos por isso.

Se uma grande gravadora propusesse hoje ao Logos um contrato vantajoso, qual seria sua resposta?

Olha, se uma gravadora vir o Logos como um grupo sério e maduro, que goza de respeito e aceitação por parte de várias denominações em todo país, não haverá impedimentos para uma aproximação. Temos princípios, mas nunca estamos fechados a contratos se a visão do contratante for de fato, ministerial, independentemente da competitividade artística do momento.

Como está a situação do ministério em termos de viabilidade financeira?

Bem, somos uma missão, e realmente sem fins lucrativos. Isso significa que sempre estamos com nossas contas em dia e nunca temos recursos antes de projetos. Funciona assim: temos projetos antes de recursos. Mas não estranho isso; acho que é coisa de Jesus, mesmo... Aprendemos com ele a ver pães e peixes serem multiplicados. Então, quando saímos, fazemo-lo como trabalhadores que o representam, e não como artistas e empresários.

Como é o seu processo de composição?

Eu componho após pensar: pensar na minha própria vida, na vida das pessoas, nas necessidades; e sempre trago essas coisas diante da Palavra de Deus, que me diz o que fazer, ou como ir adiante. Evidentemente que os talentos natos vindos do Senhor afloram e a excelência de quem quer adorar não permite a futilidade. Sei que, se eu for superficial e não verdadeiro, os resultados do que estou compondo serão também assim.

É dif´cil conciliar essa busca por autenticidade com a necessidade de vender CDs?

Veja, o comércio não é pecaminoso, como também o dinheiro não é. O que faço com ele é o que me diferencia. Não componho para ganhar dinheiro, mas sei que vender os trabalhos é o modo de fazê-los chegar a quem preciso atingir. Sabemos que o trabalhador é digno de seu salário. Não é pecado ser bem remunerado. As pessoas pagam entradas para assistir jogos de futebol, peças de teatro e filmes no cinema. Nada mais justo do que remunerar o artista segundo a arrecadação que ele mesmo produz. Mas fazer missões é outra coisa!

Na sua opinião, é lícito ao músico cristão tocar profissionalmente fora da igreja? Isso não seria desvirtuar o talento dado por Deus?

Vamos por partes. Primeiro, é preciso compreender que a música é um talento, e não um dom espiritual. Como talento, ela não é santa em si mesma. Há coisas lindas compostas por artistas descrentes. Depois, é preciso pensar que a música é também uma profissão artística reconhecida em todo mundo; portanto, qualquer pessoa que tenha esse talento pode exercer essa profissão, sendo crente ou não. Há, entretanto duas grandes observações aqui. A primeira é que o músico crente, como qualquer outro profissional que conhece Jesus, tem que ter a sua vida santificada ao Senhor. Isso implica no seu testemunho comum de crente e na santificação de seu caráter de forma geral. Então, se ele cantava palavrões ou obscenidades quando não era crente, agora, com Cristo, terá de mudar essas coisas. A outra observação tem mais a ver com o chamado ministerial, e creio ser este o ponto mais importante. Se um músico, após a sua conversão, receber de Deus um chamado de dedicação total à obra e atendê-lo, então, também como qualquer outro profissional, estará à disposição do Senhor para servi-lo e por ele ser sustentado, não mais como um artista lá fora, mas como um servo no lugar onde estiver servindo.

É cada vez mais comum músicos populares no segmento secular dizerem-se convertidos ao Evangelho, logo engatando uma carreira art´stica entre os crentes. Qual o resultado disso?

Se forem verdadeiramente convertidos pelo Espírito Santo, e, como consequência disso, deixarem-se discipular como qualquer outro pecador rendido ao senhorio de Cristo, poderão ser usados pelo Senhor, a despeito do que foram ou fizeram. Se assim não for, será simplesmente uma troca de posicionamento profissional.

Por outro lado, gravadoras seculares andam de olho e até contratando nomes mais expressivos do gospel nacional. Como um músico evangélico deve se comportar diante de uma proposta como essa?

Para qualquer músico eu diria que, caso a proposta seja boa, agarre-a com todas as suas forças. Mas, se o músico em questão for um crente verdadeiro, ele deve saber aproveitar a oportunidade, mas nunca negociando seus reais valores.

Sem uma igreja ou ministério provendo sustento, e sem pagar “jabá”, o grupo Logos ainda toca em rádios?

Acho que sim. Deus é fiel, não é? Ele nos deixaria viver para pregar para paredes? Acho que não! Então, nossa música será ouvida até que ele queira, mesmo que já não estejamos mais aqui.

Autor da minha fé é uma das composições mais conhecidas de seu repertório. A letra fala sobre a segunda vinda de Cristo, tema meio esquecido ultimamente. Você acha que a música evangélica no Brasil perdeu seu papel profético?

Não posso generalizar o que acontece nos púlpitos, até porque, devido ao trabalho de viagens evangelísticas, estou mais tempo pregando do que ouvindo pregações. Mas, com certeza, reconheço que o assunto não figura entre os temas mais abordados.

Como você vê a formação musical nas igrejas e nos seminários?

Há várias igrejas que estão trabalhando isso. Conheço também algumas escolas voltadas nessa direção. No seminário onde estudei, embora não se tenha, especificamente, ensinado sobre os temas louvor e adoração, recebi as bases para ser um verdadeiro adorador. E é isso que, desde então, tenho procurando ser. Mas o que tenho constatado é que a dificuldade maior hoje não está em treinar musicalmente os alunos, capacitando-os e ensinando-lhes posturas de um ministro de louvor. O problema é quais são seus modelos. Certamente, o que esses alunos considerariam como referência seriam aqueles que estão na mídia, fazendo shows. Eles desejariam imitar seus gestos, seus jargões, seu tipo de música e até suas roupas. Assim, se tivéssemos que prepará-los de acordo com a modernidade do ministério, teríamos que ensinar-lhes matérias como presença de palco, expressão corporal, vestuário artístico e um vocabulário de palavras de ordem, além de estimulá-los a moldar suas músicas ao que está “rolando” hoje. Mas é disso que a Igreja está precisando ou é isso que a está afastando cada vez mais do genuíno papel da música evangélica?

Você já disse em várias ocasiões que é contra a cobrança de cachês por cantores evangélicos. Como o ministério Logos se sustenta financeiramente?

O Logos nunca cobrou cachê, e por princípio nunca o fará. Em todos esses anos de trabalho, sempre usamos o bom senso para termos as necessidades da missão supridas, sem colocar uma corda no pescoço de ninguém. Todos os pastores que nos conhecem, no Brasil ou fora dele, recebem o Logos com confiança. O que praticamos é uma taxa chamada de manutenção que qualquer igreja pode absorver. Ela cobre gastos com as viagens, que fazemos a bordo do nosso ônibus, com toda a equipe e equipamentos, aos lugares mais remotos do país.

O que você acha que deve acontecer com a música evangélica brasileira daqui para a frente?

Não quero responder com pensamentos previsíveis, mas com desejos de alma. Eu sonho com uma música diversificada em estilos e mensagens, que atenda as reais necessidades das igrejas. Sonho com bons músicos, crentes de verdade, que rendam seus talentos ao Senhor e testemunhem com suas vidas o caráter de verdadeiros adoradores. E, finalizando, sonho com uma Igreja que permaneça fiel diante dos modismos sufocantes da falsa contextualização.

Dia Nacional do Braille está sendo comemorado hoje em todo país


O Dia Nacional do Braille está sendo comemorado hoje (8). O braille é um sistema de escrita e leitura baseado na percepção pelo tato, destinado a pessoas que têm deficiência visual. Atualmente, elas contam também com recursos na área da informática para acessar conteúdos e se comunicar na rede mundial de computadores, a internet.

De acordo com dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) existem no país 6,5 milhões de pessoas portadoras de deficiência visual, equivalente a 3,5% da população, sendo 582 mil cegas e 6 milhões acometidas apenas por deficiência visual, classificada como baixa visão. O sistema foi criado por Louis Braille, um jovem francês que ficou cego aos 3 anos de idade, e cuja invenção mudou a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, disse Regina Fátima Caldeira de Oliveira, coordenadora da Revisão Braille da Fundação Dorina Nowill para Cegos. Com o braille, "os cegos ganharam maior independência, autonomia e segurança, fatores indispensáveis à autoestima do ser humano", declarou a coordenadora.

A instituição do Dia Nacional do Braille no Brasil homenageia o dia de nascimento do primeiro professor cego brasileiro, José Álvares de Azevedo, que estudou o método em Paris e passou a ensiná-lo e a difundi-lo no Brasil, tendo recebido o título honorífico de Patrono da Educação dos Cegos no Brasil. A primeira apresentação do braille foi feita por seu autor em 1825. A escrita e a leitura por meio de pontos em relevo em um tabuleiro, baseia-se na combinação padrão de 6 pontos, dispostos em duas colunas de 3 pontos, permitindo a formação de 63 caracteres diferentes. Dessa forma é possível a identificação das letras do alfabeto, números, simbologia aritmética, fonética e até entender grifos de musicografia.

Os cegos e deficientes visuais contam no momento com programas de computador que também ajudam a melhorar a sua qualidade de vida. É possível acessar conteúdos e se comunicar pela internet. O aparato disponível envolve softwares que fazem a leitura de textos por meio de sintetizadores de voz. O maior problema é o da aquisição de equipamentos por causa do alto custo, principalmente para as famílias com poucos recursos financeiros.

A Caixa Econômica Federal mantém uma linha de crédito com juros baixos e prazos longos a fim de financiar utensílios para pessoas com todos os tipos de deficiência. Os financiamentos foram abertos em janeiro deste ano em convênio articulado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.

Fonte: Agência Brasil

Decisão do STJ sobre sexo com menores causa polêmica


Um retrocesso. Essa foi a opinião da delegada Especial de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas, da Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis de Sergipe (DAGV), Mariana Diniz e do presidente do Conselho Estadual de Direitos da Criança e Adolescente, Danival Falcão, com relação à decisão da Terceira Seção da Corte do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que diz quenem sempre o ato sexual com menores de 14 anos pode ser considerado estupro.

“Considero essa decisão um retrocesso, sobretudo, porque se imaginava que com a promulgação da Lei 12.015/2009, que veio a punir toda relação sexual, de qualquer natureza, com menores de 14 anos, não haveria mais espaço para decisão desse tipo, na qual se verifica um total desrespeito à pessoa em desenvolvimento”, declarou Mariana Diniz, ao ressaltar que a exploração do sexo pelos homens é antiga, “mas este tipo específico de exploração sexual, no qual crianças são usadas para satisfazer a lascívia e a fantasia erótica de determinados indivíduos é degradante”, frisou.

Para a delegada, esse tipo de fantasia sexual – de adultos com crianças e adolescentes -, é degradante porque vitimiza seres humanos que estão em fase de formação. “São pessoas que estão florescendo para uma vida e que nela depositam todos os seus sonhos. Abusar de uma criança é tirar-lhe a possibilidade de uma vida alegre e feliz”, afirmou, acrescentando ainda que a exploração sexual deve ser punida sim, e com rigor porque essa é uma conduta típica, deveras cruel, que possui o condão de perverter jovens, aniquilando a assunção de princípios morais que devem orientar a formação de sua personalidade.

“Os princípios que formam a personalidade são substituídos pela ideologia do consumo, da trapaça, do ganho fácil, de ostentação, enfim: da superação do ser pelo ter, da banalização do sexo e da redução do ser humano a um mero objeto de satisfação da lascívia daqueles que, ao pagarem por prazeres sexuais, dissociam o ato de criação da vida do seu conteúdo sublime e sagrado, transformando o encontro de almas na súplica de corpos empedernidos pela busca de desejos fulgazes”, lamentou Mariana Diniz.

INICIATIVA REPUDIADA

Assim como ela, Danival Falcão também repudiou a iniciativa do STJ. “Para quem defende os direitos da criança e do adolescente, a decisão do STJ foi equivocada. Dizer que uma criança de 12 anos de idade já tem experiência sexual, até porque já se prostituem? Mas, crianças não se prostituem. Crianças são exploradas. Quem se prostitui é o adulto que tem condições de escolher se quer ou não essa situação. A criança não tem essa escolha”, disse, deixando claro que a relação sexual entre um adulto e uma criança é sempre uma relação financeira.

“É uma relação de quem pode mais, que envolve a troca do ato por um picolé, lanche, ou dinheiro. Para nós, isso é exploração sexual comercial. Essa mudança na lei é um retrocesso, é tudo o que nós não queremos após 21 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente [ECA]. Acredito que isso vai ser revisto, com certeza”, concluiu. O ministro do STJ, Ari Pargendler, declarou no último dia 29 de março que o tribunal poderá revisar a decisão tomada pela Terceira Seção da Corte, segundo a qual nem sempre, o ato sexual com menores de 14 anos pode ser considerado estupro. Para ele, esse é um tema complexo.

“Que foi decidido por uma turma do tribunal. É a palavra do tribunal, mas, evidentemente, cada caso é um caso, e o tribunal sempre está aberto para a revisão de seus julgamentos. Talvez isso possa ocorrer”, frisou. O pedido de revisão deverá partir do governo, informou a secretária de Direitos Humanos, ministra Maria do Rosário. Ela disse ainda que vai entrar em contato com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e com o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, para tratar do caso.

LIBERDADE SEXUAL

O tribunal entendeu que não se pode considerar crime o ato que não viola o bem jurídico tutelado, no caso, a liberdade sexual. No processo analisado pela seção do STJ, um réu é acusado de ter estuprado três menores, todos de 12 anos. Tanto o juiz que analisou o processo quanto o tribunal local o inocentaram com o argumento de que as crianças “já se dedicavam à prática de atividades sexuais desde longa data”.

Fonte: Jornal da Cidade

domingo, 8 de abril de 2012

Mesmo assim - Madre Teresa de Calcutá


As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas. Ame-as MESMO ASSIM.
Se você tem sucesso em suas realizações,ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos.
Tenha sucesso MESMO ASSIM.
O bem que você faz será esquecido amanhã. Faça o bem MESMO ASSIM.
A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável. Seja honesto MESMO ASSIM.
Aquilo que você levou anos para construir,pode ser destruído de um dia para o outro.
Construa MESMO ASSIM.
Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda,mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar.
Ajude-os MESMO ASSIM.
Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo, você corre o risco de se machucar.
Dê o que você tem de melhor MESMO ASSIM.

sábado, 7 de abril de 2012

Notícia da hora: hoje é Dia do Jornalista!

Alessandra Cavalcanti

Escolhi ser jornalista, mesmo que pra isso precise me ausentar mais daqueles que amo; mesmo que pra isso precise dormir menos, tomar uma garrafa inteira de café e me estressar um pouco mais. Sou jornalista por vocação, amor e inquietação. E para festejar esse dia especial, encontrei a melhor definição para a minha eterna vocação:

"Porque o Jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte." (Gabriel Garcia Marquez)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Fique de olho na inspeção do seu extintor


Especialista no ramo explica recente Portaria do Inmetro sobre serviços de inspeção técnica e reparos nos extintores de incêndio. Uma das determinações diz respeito aos anéis de identificação externa de manutenção

Alessandra Cavalcanti
Publicado na Revista Sindpese

“Quando você entrega o seu extintor de incêndio a uma empresa para fazer manutenção, não está entregando apenas um objeto, mas a segurança do seu patrimônio, da sua família, dos seus colaboradores. Se houver qualquer tipo de incêndio, e se o seu extintor não funcionar adequadamente, você, simplesmente, vai perder tudo o que construiu. Até a sua vida estará em jogo. É bom pensar nisso”, advertiu o comerciante Robson Pereira, proprietário da RPereira Extintores.

Por se tratar de uma pessoa com amplo conhecimento sobre o assunto, a reportagem da Revista Sindpese o procurou para discutir sobre novidades acerca desses importantíssimos equipamentos de segurança. Sabe-se que desde 1º de janeiro deste ano, por meio da Portaria 206, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) determinou que os serviços de inspeção técnica e manutenção de extintores de incêndio somente deverão ser executados conforme os requisitos aprovados (Art. 4º). Cientificou, também, que as infrações aos dispositivos da Portaria e dos requisitos que aprovou sujeitarão o infrator às penalidades previstas na Lei 9.933, de 20 de dezembro de 1999 (Art. 6º).

Uma das novidades da Portaria 206 diz respeito aos anéis de identificação externa de manutenção, elementos de controle adicionados ao extintor de incêndio, com a finalidade de demonstrar que ele foi desmontado para realização dos serviços de manutenção. “Durante o serviço de reparo, é necessário retirar a válvula do extintor, substituir o pó velho por outro completamente novo, colocar um anel no gargalo do extintor e recolocar a válvula. Teoricamente, não haveria como colocar o anel identificador de reparos sem retirar a válvula, certo? Acontece que os anéis antigos eram lisos e sem ranhuras, o que facilitava fraudes. Usavam secador de cabelo para dilatar o anel e colocá-lo na válvula como se o extintor tivesse sido reparado”, explica Robson.

NOVIDADES NOS ANEIS

O antigo anel identificador de manutenção trazia o nome da empresa que fez o serviço e o respectivo ano. Agora, o Inmetro decidiu que não é mais necessária essa última identificação porque a cada ano o anel terá cor diferente. Para 2012, a cor é amarela. Além disso, o Inmetro criou um novo anel, com quatro linhas verticais de ranhuras. “Isso quer dizer que se hoje a pessoa for usar o secador, por exemplo, o anel vai quebrar ao invés de ser dilatado. A partir disso, a dificuldade para falcatruas aumenta”, destaca Robson.

Mesmo diante de todos os cuidados oferecidos pelo Inmetro, o empresário orienta verificar sempre se o anel possui algum tipo de colagem. “Se houver qualquer indicativo assim, quer dizer que o extintor não recebeu nenhuma manutenção”, alerta. “Muitas vezes, as pessoas estão mais preocupadas se vão gastar muito ou pouco na manutenção e acabam esquecendo de verificar se a empresa que vai fazer o serviço é confiável. Seguramente, afirmo que vão encontrar por aí preços milagrosos no mercado. Mas o que existe por trás disso? A possibilidade de não estar sendo feito absolutamente nada, exceto limpar externamente o extintor de incêndio. O Inmetro faz o possível e o impossível para controlar a manutenção do extintor com problemas, mas isso depende da consciência de cada um”, completa Robson Santos Pereira.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O mundo vai mesmo acabar em 2012?


Pastores destacam que a Palavra de Deus deixa claro que esse fato vai acontecer dentro da vontade, propósito e tempo do Criador de todas as coisas. O importante é estar em comunhão com o Senhor e em dia com a Sua vontade

Alessandra Cavalcanti

Bem antes de 2012 chegar, cientistas, religiosos e místicos do mundo inteiro já corriam atrás de pistas deixadas por civilizações e profetas do passado, explicando o fim dos tempos. Em várias culturas ancestrais, o ano em questão é marcado em seus calendários como o 'apocalipse', o 'fim do mundo', 'o juízo final', o 'armagedom', e, nos mais otimistas, 'o ano em que esta era terminará e outra melhor começará'.

Maias, egípcios, celtas e diversos profetas, chineses e budistas, além de cientistas e religiosos das mais diferentes crenças, afirmam – com convicção – que este mundo pode estar com os dias contados. Mas o que diz a palavra de Deus sobre o assunto? O pastor Tiago Alves Cintra Damião, da 6ª Igreja Presbiteriana Independente (IPI) de Aracaju, acredita ser esse mais um movimento que pretende ‘ganhar mídia e fazer barulho’.

“Creio que já estamos vivendo biblicamente o fim dos tempos, mas, conforme diz a Bíblia, datas e tempos só a Deus pertencem. Nenhum de nós tem como afirmar nada sobre esse assunto. Creio ser esse mais um dos sinais do fim, ou seja, aqueles que querem no lugar de Deus afirmar coisas que Deus diz que ninguém, a não ser Ele mesmo, pode afirmar”, avalia o pastor Tiago Damião.

TEMPO DE DEUS

Sobre este mesmo assunto, o pastor Euquias Correia da Silva, vice-presidente da União dos Ministros Evangélicos de Sergipe (Umese) em Aracaju, cita o livro de Mateus (24:36-44) para destacar o que Jesus afirmou acerca do fim dos tempos: “Porém, daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente o meu Pai”.
“Creio que já estamos vivendo biblicamente o fim dos tempos, mas, conforme diz a Bíblia, datas e tempos só a Deus pertencem. Nenhum de nós tem como afirmar nada sobre esse assunto”. Pastor Tiago Damião – 6ª Igreja Presbiteriana Independente de Aracaju
“Logo, esse fato vai acontecer dentro da vontade e do propósito de Deus, ao seu tempo. Pode ser este ano ou não. O importante é o cristão estar pronto para o momento de se encontrar com Ele e saber que só Deus sabe o tempo certo para tudo”, enfatiza o pastor.

Euquias Correia acrescenta que para aqueles que vêem com conhecimento contrário a fé e os ensinamentos de Deus, o apóstolo Paulo orienta que se deve fugir deles, ou seja, desconsiderar estes enganos e persistir no caminho de santidade que garantirá a vida eterna com Deus.
“O importante é o cristão estar pronto para o momento de se encontrar com Ele e saber que só Deus sabe o tempo certo para tudo”. Pastor Euquias Correia – vice-presidente da Umese em Aracaju
*Matéria publicada na Revista Chama

domingo, 1 de abril de 2012

Entrevista exclusiva com o reverendo Caio Fábio


“Eu só quero viver em paz”. Pastor diz não rejeitar seu passado e que quer ser livre do sistema religioso

Por Danilo Fernandes

Depois de vários anos sumido do noticiário nacional, o pastor Caio Fábio D’Araújo Filho voltou às manchetes no fim do ano passado. Réu na ação movida contra ele por conta do episódio conhecido como Dossiê Caimã – conjunto de documentos falsos que, pouco antes da eleição presidencial de 1998, acusava altas figuras do governo de ter contas secretas naquele paraíso fiscal –, Caio foi condenado por uma juíza federal a pouco mais de três anos de reclusão. Cabe recurso, e o pastor já avisou que vai até às últimas instâncias. “A juíza quer aparecer”, ataca, sustentando a mesma versão que conta desde o início do imbróglio: a de que foi envolvido inocentemente numa conspiração política. Essa parte de seu passado, bem como muitas outras, já não são conhecidas pelas novas gerações de crentes. Contudo, os evangélicos mais maduros sabem que Caio foi a mais destacada liderança evangélica já surgida no país, cuja visibilidade, catapultada por uma ação ministerial intensa – como a criação da organização Visão Nacional de Evangelização, a Vinde, e da Fábrica de Esperança, megaprojeto social que atendeu centenas de milhares de carentes num conjunto de favelas do Rio –, marcou época entre os anos 1970 e 90.

Hoje, Caio olha para esse passado com serenidade. Ele diz que não repudia nada do que fez, mas que não quer mais saber de ser a figura pública, aclamada e requisitada de outrora. “Esse tempo acabou definitivamente para mim. Minha alma não tolera mais a possibilidade dessa vida itinerante”, diz, em sua casa em Brasília. Cercado de árvores, jardins e recantos, é dali que ele grava os programas que exibe pela internet, parte importante das atividades do Caminho da Graça, ministério que hoje capitaneia. Tida como uma igreja de perfil alternativo, o grupo reúne-se em várias cidades brasileiras e, segundo Caio Fábio, procura restaurar o sentido da comunhão cristã. “Ele é um movimento conduzido pela Palavra e pelo Espírito Santo. Queremos que invada a massa, abranja tudo e se torne incontrolável como o vento que sopra onde quer”, diz, com a retórica privilegiada que conquistou milhões de admiradores e fez sucesso em mais de 100 livros publicados. De certas experiências do passado, ele não esconde a dor – como a separação de sua primeira mulher, Alda Fernandes, com quem teve quatro filhos, e a trágica morte de Lukkas, o terceiro deles. Contudo, embora muito criticado e contestado ao longo desses anos todos, ele assegura, “diante de Deus”, que não sente mágoa de ninguém. Aos 57 anos de idade, casado com Adriana Ribeiro, Caio Fábio D’Araújo Filho se diz em paz. “Eu sou livre. Sou nascido do Evangelho, nascido de Jesus. Hoje, sirvo ao Senhor e não preciso perder o meu ser, a minha saúde, a minha paz, o meu convívio familiar. Isso é graça de Deus para mim!”

CRISTIANISMO HOJE – Recentemente, o senhor voltou ao noticiário com a notícia de sua condenação no processo que investiga o episódio do Dossiê Caimã. Como ficou esse processo?

CAIO FÁBIO D’ARAÚJO FILHO – Meu advogado entrou com recurso e eu ganhei. Agora, deve seguir para outra instância. Esse processo é uma loucura inominável. Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que seria o maior prejudicado se a história fosse verdadeira, já veio a público me isentar de qualquer culpa.

Se sua inocência é tão óbvia como diz, por que um assunto praticamente esquecido pela opinião pública foi trazido novamente à tona?

Por iniciativa de uma juíza federal que gosta de aparecer. Como o episódio foi um fato histórico que envolveu até a Presidência da República, ela quis ser a mulher que decretou a prisão do indivíduo que seria o boi de piranha daquele negócio todo. Um grupo de advogados amigos de São Paulo queria até entrar com uma representação contra ela perante os conselhos de Magistratura, porque acharam que ela passou dos limites. Mas o advogado que me representa nos autos não deixou.

A quem interessaria uma condenação sua?

Ah, interessaria a muitos religiosos. O próprio pessoal da imprensa que me ligou disse que isso é uma coisa surreal, que aquela mulher é doida. Ninguém acredita em nada daquilo. Só a Folha de São Paulo é que deu com um destaque maior por uma razão política que eu não vou dizer aqui. E a TV Record [ligada à Igreja Universal do Reino de Deus], por razões óbvias. Estou junto como réu ao lado de Paulo Maluf e Lafayette Coutinho. No entanto, só eu fui condenado! Mas olha, se, por algum motivo totalmente inexplicável, esse negócio chegar ao Superior Tribunal de Justiça, será liquidado lá. E, se por alguma insanidade passar e for ao Supremo, vai morrer na praia.

O senhor trabalha com a hipótese de uma condenação definitiva?

Se, por alguma conjunção cósmica totalmente irracional, eu for mesmo condenado a prestar serviço comunitário ou fazer ação social, eu vou dar um grande “aleluia”, porque estarei sendo condenado a ser eu mesmo, a fazer o que sempre fiz esses anos todos, por minha total iniciativa.

O senhor concebeu e liderou um dos maiores projetos de cunho social de iniciativa de evangélicos já feitos neste país, a Fábrica da Esperança, considerado o maior do gênero na América Latina. Com esta credencial, como o senhor avalia a relativamente pequena atuação da Igreja brasileira na área social, ainda mais evidenciada quando consideramos as altíssimas somas de dinheiro arrecadadas pelos grandes ministérios e denominações?

Não existe nenhum grupo mais ególatra dentre todos os movimentos religiosos planetários do que o movimento evangélico. Isso por causa da semente dele – a semente é má, é de divisão. A semente original, de protesto contra a Igreja Católica, transformou-se numa semente de protesto existencial contra tudo. Essa divisão criou a ênfase no dogma doutrinário. Isso divide, qualquer que seja o desencontro, em qualquer nível na escala de valores. Falta tolerância naquilo que não tem significado para a salvação, no que não altera o DNA do Evangelho. Esse tipo de tolerância no olhar nunca existiu. O que se instituiu foi a prevalência do existencialismo espiritual, e esse não lida com as categorias objetivas de valor. E logo o chamado movimento protestante virou esse guarda-chuva evangélico, sob o qual cabem todas as coisas. Quando é que pode haver unidade e serviço ao próximo se, no meio evangélico a unção para nada serve senão para erigir egos? A unção do Espírito Santo deve redundar no amor, na compaixão, na misericórdia, no serviço – mas a “unção” que vemos aí só tem poder para criar lúciferes com purpurina na cara, que atuam em palcos com luzes.

Em função deste e de vários outros projetos e iniciativas, o senhor levantou muito mais recursos do que o de diversos líderes de hoje, que estão até comprando aviões particulares. À época, o senhor teve o seu?

Nunca tive avião ou helicóptero. Faz parte da minha filosofia não adquirir nada. Nem esta casa onde vivo eu comprei, ela me foi alugada a um valor simbólico por três senhoras amigas. Eu nunca comprei coisa nenhuma, nunca acreditei em compra de nada. O Caminho da Graça nunca vai comprar nada. Creio que imobilizar dinheiro do povo de Deus com patrimônio físico é pecado. Quem diz que a nossa pátria está nos céus e faz aquisições poderosas ou erige templos salomônicos está pecando contra o espírito do Evangelho. Tudo o que eu construí e mantive era alugado. Passei 25 anos declarando que não tinha o menor compromisso com a manutenção de coisa alguma que virasse um fim em si mesmo. Quando você é dono de propriedades, você acaba vivendo para fazer a manutenção de tudo e as coisas perdem a finalidade.

E o senhor vive de quê?

Sempre vivi exclusivamente do ministério. Todos os direitos autorais dos meus livros e a renda obtida com nossas atividades no passado – TV, rádio, revista, editora – era voltada para a atividade missionária, social, evangelizadora e de treinamento. Era tudo reinvestido naquilo que fazíamos. E continua sendo assim hoje.

Quem o ouve falar percebe que o senhor faz questão de traçar uma linha divisória entre o que é hoje e o que fez, em especial em relação ao seu passado institucional, quando era uma figura pública dentro e fora da Igreja. Há algo que o senhor repudia em seu passado?

Não. Eu nunca rechacei meu passado. Só não faria de novo. Naquela época, contudo, foi necessário. Só de uma coisa me arrependo no meu passado institucional: ter aceitado a imposição de ter sido feito presidente da Associação Evangélica Brasileira [AEVB], pela qual eu mesmo trabalhei muito para ver criada. Eu não queria a função, mas fui eleito por aclamação. Praticamente me obrigaram a aceitar, porque a entidade surgiu com o patrocínio da Vinde. Noventa por cento da AEVB estavam ligados aos ministérios que eu dirigia. Eu não queria e nem precisava presidir a AEVB. Pelo contrário – eu é que dei mídia para ela.

Mas a AEVB não cumpriu um papel importante na época? Afinal, ela esteve à frente de movimentos marcantes dos anos 90, como o Celebrando a Deus como Planeta Terra, o Rio Desarme-se e o Reage Rio, entre outras mobilizações que contaram com o apoio dos evangélicos.

Quando se criou a AEVB, a gente já havia perdido tempo demais discutindo o sexo dos anjos. Já estávamos correndo no vácuo do prejuízo. Esperamos muitos anos num processo lento, de muita conversa infrutífera. A AEVB só surgiu em 1991, depois que o [bispo Edir] Macedo já havia começado a dar as cartas do neopentecostalismo brasileiro. A AEVB foi criada com apoio desse pessoal que agora fundou a Aliança Cristã Evangélica Brasileira e de outros, mas ninguém botava dinheiro, ninguém se mobilizava para fazer nada.

O senhor foi convidado a participar da Aliança?

Não fui convidado, e mesmo se fosse, não iria, porque não acredito mais nisso. Todos esses irmãos queridos que estão lá sabem que eu sempre quis ser livre para dizer o que eu queria. Esse tipo de iniciativa tinha que ser criada bem antes, lá no início dos anos 1980, quando havia muita gente séria, respeitável, de corações generosos. Isso tinha de ser criado logo depois do Congresso Brasileiro de Evangelização, em 1983, que para mim foi o maior evento representativo da história da Igreja brasileira. Ali ocorreu a grande oportunidade de unidade. As almas ainda estavam ingênuas, puras, sinceras. A teologia da prosperidade não existia por aqui, o que prevalecia era a teologia da missão integral. Havia uma quantidade enorme de pastores piedosos e desejosos de ver o melhor de Deus acontecer neste país. Creio que, àquela altura, ainda dava tempo de a Igreja ter um papel de relevância e significado, Ainda dava para virar as coisas e não perder os significados do termo evangélico.

A sua separação foi um acontecimento público, que envolveu adultério. Naquela época, isso ganhou enorme peso perante a Igreja. No entanto, já àquele tempo diversas denominações já ordenavam pastores divorciados e encaravam a questão de forma liberal. Também são muitos os exemplos de pastores famosos – alguns, líderes de denominações – que se divorciaram em condições semelhantes às suas, mas a repercussão em nada se aproximou do tratamento que lhe foi concedido. Por que o seu caso, até hoje, suscita tanto escândalo? O senhor se considera perseguido?

Eu daria três razões para este tratamento especial e a grande comoção que o episódio causou. Em primeiro lugar, a minha situação para essa moçada toda foi insuportável. Ministerialmente, eu funcionava como uma espécie de foice, rodando em cima de cabeças conceituais. Toda vez que aparecia um maluco – e eu nunca precisei nominar os malucos, apenas expunha seus erros e dizia que o Evangelho era de outro jeito –, essa foice cortava logo aquela cabeça, o cara virava herege. Por isso, todo mundo tinha medo de que minha opinião conceitual colocasse alguém em situação difícil. Eu tenho certeza absoluta da quantidade enorme de gente que torcia por uma fragilidade de minha parte justamente por causa desse papel que eu exercia. E esse não foi um papel que eu pleiteasse ou buscasse; ele aconteceu espontaneamente. Foi Deus que fez isso por sua graça, eu só estava pregando o Evangelho, que, aliás, é o que eu sempre fiz.

Então, o senhor acredita que parte desta liderança que ai está não teria o espaço que tem se não fosse a sua saída do cenário? Seu espólio foi negociado?

Com certeza. Não preciso falar nada. Basta ver até 1998 quem era quem e o que aconteceu de 2000 em diante. Quer ver uma coisa? Logo depois do que aconteceu, diante daquela comoção toda sobre o que tinha acontecido comigo, houve uma reunião de 300 pastores em São Paulo especificamente para tratar sobre quem ia ficar com qual parte do meu despojo, para saber quais eram os espaços que eu havia deixado abertos e quem deveria ocupá-los. E foram milhares que também fizeram isso. Não quero nem falar de traição, porque no meu coração já estão todos perdoados, mas se eu abrisse a boca ninguém ficava em pé. Esta foi uma razão. Em que pese o fato de que eu cometi um ato pecaminoso de traição e infidelidade, isso está longe de ser a causa principal da grande comoção. Sabe qual foi a causa? Eu ter tomado a iniciativa de contar tudo, ou seja, por minha vontade expor tudo em verdade, sem que qualquer coisa tivesse sido descoberta por ninguém. E eu que ouvia a confissão de tantos deles e sabia de suas fraquezas, das promiscuidades… E, depois, estes mesmos iam à TV bater em mim confiando na minha integridade, pois sabiam que eu não os exporia.

E a terceira razão foi que, naquele momento, eu aproveitei a oportunidade e pulei fora do barco. Este foi o elemento mais doído de todos. A Igreja Presbiteriana me propôs uma discipina como condição para minha restauração. Eu respondi que não estava pleiteando nada, e que estava me desligando da denominação unilateralmente. Eu não queria mais ser parte daquilo. Escrevi três cartas e eles não aceitaram nenhuma. Pensei: “Meu Deus, isso aí não é a máfia, da qual o camarada só sai morto”! Depois me propuseram dar o tempo que eu julgasse necessário e que, depois, se eu quisesse voltar, seria restaurado e estava tudo certo. Mas eu disse que não queria.

O que passava pela sua cabeça naquele momento. O que o senhor desejava? Para onde queria ir?

Eu queria vir para cá! Queria voltar aos meus 18 anos... Eu nunca quis ser pastor ordenado. Eu sabia quem eu era e que Deus tinha me ungido. Sabia que isso tinha vindo do céu, e que não dependia de ninguém. Foi a Igreja Presbiteriana que disse que não era possível que eu, aos 19 anos, em Manaus, fosse considerado pastor pela cidade inteira, pregasse a Palavra sem ser ordenado pastor e sem aceitar ir para ao seminário.

Então a questão crucial foi a rejeição?

Sim. Eles agiram passionalmente. Era como se dissessem: “Nós amávamos esse cara e ele decidiu não ser mais parte do nosso grupo”. E, conquanto eu estivesse fazendo aquilo sem que, na minha mente, quisesse ofender nenhum daqueles irmãos, o que eu não queria era, depois do acontecido, ter de me curvar a nenhum tipo de restauração humana, mentirosa, hipócrita e plástica que queriam me oferecer. Eu sabia que o único a me restaurar era o Senhor. Eu não aceitaria nada que não viesse daquele que me ungiu e sabendo que entrar naquele esquema era vender a minha alma. Então, eles aproveitaram essa minha atitude para vender ao povão a ideia de que eu estava rebelado contra a comunhão dos santos e o amor dos irmãos.

Ao longo dos anos, foram construídos certos mitos a seu respeito e que o rotulam como extremamente liberal e até antibíblico. Um deles é de que o senhor, devido ao que lhe aconteceu, seria um incentivador de divórcios, em especial de pastores. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Isso é uma suposição absurda. Já haviam acontecido milhares de separações de pastores antes da minha. E muita dessa gente vinha me contar os dramas conjugais e chorar as mazelas comigo. Então, é hipocrisia dizer que o que me aconteceu é que abriu as portas para que outros pastores adulterassem ou largassem da mulher. Essa percepção a meu respeito é suscitada pelo diabo na cabeça de muita gente doida. Eu nunca defendi o divórcio. Defendo que continuem casados aqueles que se amam, mas que todos aqueles que se fazem mal, que se machucam, que se ferem e se odeiam, não deveriam estar casados, pelo bem de suas almas. Sempre aconselhei todo mundo a não adulterar, a não trair a mulher. Quando cheguei aqui em Brasília, no meu primeiro ano o que eu mais fiz foi atender pastores e mulheres de pastores que queriam se divorciar e vinham me pedir aconselhamento. Gente de tudo quanto é igreja – batistas, assembleianos, presbiterianos, pentecostais. Na medida do possível, ajudei esse pessoal todo a não se divorciar. Eu dizia a quem me procurava com casos extraconjugais: “Sai dessa, você vai se estrepar com essa amante”. O que Deus uniu, que o homem não separe; e o que Deus não uniu, que não se ajunte, porque vira uma desgraça. O que me aconteceu foi, isso sim, um ato pecaminoso, de traição e de infidelidade. Um pecado diante de Deus e perante a mãe dos meus filhos. Mas o que me aconteceu não teria derrubado nada que já não estivesse demolido. É ridículo dizer que meu caso serviu de legitimação para os atos de quem quer que seja.

Por falar nisso, como é sua relação com Alda Fernandes, sua ex-mulher?

Ela é minha amiga. Passamos o último Natal juntos. Estamos sempre com nossos filhos e netos.

Quando seu filho Lukkas morreu atropelado, em 2004, houve quem atribuísse a tragédia e um juízo de Deus sobre sua vida. O que o senhor sentiu na época e como lida hoje com as pessoas que o criticam?

Só tive coração para a dor e a saudade pela partida do meu filho. Nada do que soube que disseram teve poder de gerar qualquer coisa ruim em mim. O que senti naquele momento foi paz, e se todos os meus filhos morressem, a minha resposta seria a mesma. E tem mais uma coisa – não existe ninguém, nenhum ser humano, que eu não tenha perdoado. Digo isso diante do Deus vivo e dos principados e potestades malignas. Meu coração nunca dormiu com ira em relação a ninguém, eu não tenho ódio nenhum para contar. Não tenho inimizades contra pessoas. Por outro lado, tenho opiniões a dar sobre ideias e conceitos equivocados de quem quer que seja. Não é por causa do fato de eu não ter inimizade pessoal por um indivíduo que vou deixar que a vandalização do Evangelho aconteça sem que eu me una a Paulo na luta comum da defesa do Evangelho, como todo aquele que carrega o temor de Jesus no coração.

Esse seu discurso costuma ser extremamente crítico em relação ao que chama de “igrejas institucionalizadas” e “sistema religioso”. Na sua opinião, as igrejas não têm nada de bom?

Mas é claro que têm coisas boas! Elas têm gente boa, e gente é o que existe de melhor em qualquer lugar. Ministério, para mim, é gente, só é bom se for feito por gente e para gente. Está cheio de gente boa de Deus nas igrejas. Mesmo quando há um pastor paspalhão lá na frente, os bancos estão repletos de gente boa, que sente até pena daquele indivíduo lá na frente, que faz negócios para todos os lados e com quem apareça. Tem gente que suporta o púlpito muito mais para não perder os relacionamentos de comunhão e o convívio de anos com os irmãos. Eles sabem que aqueles caras lá na frente vão passar, as modas vão passar, mas eles vão continuar ali. Existe gente maravilhosa nos ministérios. Veja aquele pessoal da Juvep [Juventude Evangélica da Paraíba, entidade que atua de maneira missionária no sertão nordestino], por exemplo. Eles perseveram há anos na mesma purezinha de alma, na mesma ideia de serviço ao próximo. Há também a Jocum [Jovens com uma Missão, movimento missionário internacional], com seus tantos braços de ação penetrados nos lugares mais distantes, em favelas, em comunidades miseráveis, em bolsões de carência no mundo todo.

O Caminho da Graça é uma espécie de reinvenção da igreja?

Não, ele é simplesmente a sequência de um caminho que eu sempre trilhei. O Caminho da Graça é a expressão de visibilidade de uma coisa subversiva que eu incito. Eu tento fazer com que o Caminho seja apenas, com muita leveza, um elemento de visibilidade mínima da possibilidade de uma comunhão cristã sem que uns mordam e devorem uns aos outros. Por isso, não tenho aquele desejo de fazê-lo crescer, ter expansão numérica simplesmente – quero que o que cresça seja essa coisa que ninguém nomeia, um movimento conduzido pela Palavra e pelo Espírito Santo que invade a massa, abranja tudo e se torne incontrolável como o vento que sopra onde quer.

O senhor diz que o Caminho da Graça é um movimento não institucionalizado, mas recentemente nomeou presbíteros e diáconos para sua sede em Brasília. Isso não vai acabar tornando o ministério como uma das igrejas que o senhor tanto critica?

Nós funcionamos baseados em dons, e não em hierarquias. Nas igrejas convencionais, o diácono é mais do que o membro e o presbítero é mais do que o diácono. Aqui no Caminho, essas funções expressam simplesmente dons de serviço. O presbítero, o mentor, não é um sujeito mais elevado na hierarquia, não tem poderes ou prerrogativas especiais. Ele é simplesmente o cara que surge pela observação dos outros: “Puxa, quanta sabedoria fulano tem recebido e manifestado”. Essas funções surgem por opiniões múltiplas, não existe reunião de concílio ou votação para escolher ninguém. E tem outra coisa: se, algum dia, lá na frente, o Caminho da Graça deixar de ser o que nasceu para ser, é a coisa mais simples do mundo – acaba tudo e começa outra vez. O problema do pessoal é que eles querem se eternizar. Querem que o grão de trigo dure para sempre, mas se o grão não morrer, não há fruto. Eu não quero perenizar nada. Eu só tenho o compromisso de servir à minha geração, não quero deixar nenhum legado, nenhum império. É preciso reconhecer que a vida é cíclica. Eu já acabei com muita coisa que tinha começado no curso da minha vida. E que ninguém duvide que, se eu tiver vida longa e alguma coisa que estou fazendo hoje se corromper lá na frente, eu mesmo vou lá e termino com tudo, não espero, não.

A manutenção do Caminho da Graça e dos ministérios a ele ligados é feita através de dízimos e ofertas?

A gente recolhe ofertas. A espontaneidade da dádiva tem que ser baseada no amor, na alegria de dar. Quem pode dar mais, dá mais; quem pode dar menos, dá menos; e quem não pode dar nada não dá nada, recebe. Paulo ensinou que é justo que aqueles que recebem bens daqueles que lhes ministram os galardoem e ajudem com bens. Mesmo com toda a capacidade que Jesus tinha de multiplicar pães e peixes e de transformar água em vinho, ele era sustentado pelas ofertas práticas e objetivas das mulheres que o serviam e de outras pessoas. O princípio espiritual da doação era operativo na vida e no ensino de Jesus e no Novo Testamento como um todo.

E quanto ao dízimo? Nesta ótica, ele seria antibíblico?

O que as igrejas ensinam é lei, é obrigatoriedade. A Igreja tornou-se uma espécie de agente substitutivo do antigo templo de Jerusalém, uma espécie de “receita federal” de Deus. É uma coletora de impostos. O dízimo é esse imposto, e ainda dizem que quem não pagar vai sofrer as desgraças descritas no capítulo 3 de Malaquias. Como a Igreja não ensina a obediência ao Evangelho como resultado do amor de Cristo constrangendo nosso coração, como Paulo ensina em II Coríntios 5, as pessoas não veem a questão da doação como algo inerente à generosidade.

Se um homossexual assumido quiser frequentar o Caminho nesta condição, como ele será tratado?

Nunca ninguém chegou no Caminho da Graça dizendo para mim que é gay praticante e que quer ficar ali. Mas não sou persecutório e nem homofóbico acerca de nenhum ser humano. Se ele quiser ficar, ouvirá o Evangelho e saberá que esse Evangelho pode criar um espaço de generosidade misericordiosa para ele ouvir a Palavra de Deus e crescer – mas nunca ouvirá uma única palavra de incentivo a qualquer relação sexual que não seja heterossexual. Se eu fizesse isso, estaria estabelecendo um paradigma que não encontro nenhum precedente para estabelecer.

Logo, ainda que solicitado, o senhor não celebraria um casamento gay?

Eu não faço esse tipo de casamento, até porque a união estável entre homossexuais não é casamento, é uma relação societária, uma empresa limitada. O Estado tem o dever de defender essa relação no que se refere ao respeito à propriedade, aos bens. Se dois gays que construíram uma vida juntos, com aquisição de bens e tudo o mais, resolvem não mais viver em comum, que se divida o que têm, e cada um leva a sua parte. Isso é uma questão de Estado, não tem nada a ver com a Igreja. Mas não estimulo nenhum tipo de união estável, a não ser aquela estabelecida entre homem e mulher que se amem.

Sua maneira de falar e até as roupas que o senhor tem usado provocam muitos comentários. A esta altura da vida, o senhor sente-se livre para dizer e fazer o que quer?

Pelo amor de Deus, você não pode mais ser o que é? Eu me visto desse jeito porque gosto. Eu sou só um carinha que deseja viver. Quem não gosta do meu jeito é livre para viver da maneira que quiser. Eu sou livre como o Evangelho. Sou nascido do Evangelho, nascido de Jesus. Sou como o vento, nascido do Espírito Santo. Quem não suporta minhas declarações, minha sinceridade e a propriedade do que digo que vá dormir com esse barulho.

(Colaborou Carlos Fernandes)

http://cristianismohoje.com.br/materia.php?k=842


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