quinta-feira, 28 de outubro de 2010

RABISCOS DE LYA LUFT


Uma flor selvagem - Lya Luft

O amor é uma escultura que se faz sozinha. É uma flor inesperada sem estação do ano para surgir nem para morrer. Vai sendo esboçada assim, ao léo: aqui a sobrancelha se arqueia, ali desce a curva do pescoço, a mão toca a ponta de um pé, no meio estende-se a floresta das mil seduções. Imponderável como a obra de arte, o amor nem se define nem se enquadra: é cada vez outro, e novo, embora tão velho. Intemporal. Planta selvagem, precisa de ar para desabrochar mas também se move nos vãos mais escuros, em ambientes sufocantes onde rebrilham os olhos malignos da traição ou da indiferença, e a culpa o pode matar. O convívio é o exercito do amor na corda bamba. Os corpos se acomodam, as almas se espreitam, até se complementam. Mas pode-se cair no tédio – sem rede –, e bocejar olhando pela janela. Inventamos receitas para que o amor melhore, perdure, se incendeie e renove... nem murche nem morra. Nenhuma funciona: ele foge de qualquer sensatez, como o perfume das maçãs escapa num cesto de vime tampado. Se fossemos sensatos haveríamos de procurar nem amar, amar pouco, amar menos, amar com hora marcada e limites. Mas o amor, que nunca tem juízo, nos prega peças quando e onde menos esperamos. Nunca nos sentimos tão inteiros como nesses primeiros tempos em que estamos fragmentados: tirados de nós mesmos e esvaziados de tudo o mais, plenos só do outro em nós. Nos sentimos melhore, mais bonitos, andamos com mais elegância, amamos mais os amigos, todo mundo foi perdoados, nosso coração é um barco para o qual até naufragar seria glorioso (ah, que naufrágios...). Mais que isso, nesse castelo – como em qualquer castelo – não pode haver dois reis. Quem então cederá seu lugar, quem será sábio, quem se fará gueixa submissa ou servo feliz, para que o outro tome o lugar e se entronize e... reine? A palavra “liberdade” teria de ser mais presente, porém é mais convidada a discretamente afastar-se e permitir que em seu lugar assuma o comando alguma subalterna: tolerância, resignação, doação, adaptação. Rondando o fosso do castelo, a vilã de todas a culpa. Quem deixou sobre minha mesa o bilhete dizendo “se você ama alguém, deixe-o livre” sabia das coisas, portanto sabia também o desafio que me lançava. No mundo das palavras há tantos artifícios quantas são as nossas contradições. Por isso, conviver é tramar, trançar, largar, pegar, perder. E nunca definitivamente entender o que – se fossemos um pouco sábios – deveríamos fazer. Farsa, tragédia grega, outras soneto perfeito: o amor, com as palavras, se disfarça em doces armadilhas ou lâminas.

"Quando a gente quer, faz acontecer"



“Quando a gente quer, faz acontecer”. Foi esta frase de uma amiga querida – a minha quase xará Alexsandra – que me trouxe a este post, após ter passado parte da noite meditando sobre tudo o que conversamos no MSN. Este depoimento era tudo o que eu precisava ouvir. Com certeza ela não sabe, mas enquanto eu absorvia a sua história – narrada com tanto amor nas entrelinhas –,chorava litros de emoção. Aliás, gostaria de dedicar à Alê e ao seu esposo (que esqueci o nome agora) a essência deste texto.

Conheci Alê no Colégio Cenecista de Palmares (Pernambuco), há mais ou menos 17 anos. Estudávamos na mesma sala e ficamos amigas. O tempo passou e nos separou um pouco, mas a amizade foi aquela plantinha boa que jamais deixaria de colher bons frutos, graças ao esmero da semeadura.

Nos reencontramos ano passado, graças ao Orkut. Na verdade, foi Alê quem me encontrou quando – coincidência ou não – eu andava angustiada tentando a qualquer custo saber sobre o seu paradeiro. Contrário ao que pensei, minha doce amiga não mora mais no Brasil. Há mais de cinco anos está casada e vive com o esposo e seus dois filhos em Denver – uma linda cidade do Colorado, um dos 50 estados dos Estados Unidos da América.

MUITO FELIZ

Apesar de estar longe do ninho – o Brasil –, Alê me tranqüilizou quando disse que está feliz, ‘muito feliz’. “Encontrei o amor da minha vida, tenho uma família linda e amo este lugar”, declarou da forma mais apaixonada possível.

Mas nem tudo foi o tempo todo tão simples e fácil. Alê e seu esposo (cujo nome insisto em não lembrar) se conheceram no Brasil, durante as férias dele, no verão, começaram a namorar e ficaram mais de um ano longe um do outro. “Até sair o meu visto, tivemos que ficar distanciados. Mas o nosso amor era grande e quando a gente quer, faz acontecer”. Lindo isso, não?

Fiquei pensando em como deve ser compensador ‘fazer algo acontecer’, fazer tudo por alguém, ainda mais por quem se ama. Passamos parte da vida buscando um amor. E quando ele chega, chegam também a fé e a força para fazer valer a pena. Penso que o amor nos torna tão poderosos e grandiosos a ponto de tornar pequenino tudo que aparece no meio do caminho. Até as distâncias.

Vida e obra de Maurício de Sousa são temas de livro infantil


Na semana em que o cartunista completa 75 anos, título traz curiosidades sobre o criador da Turma da Mônica

Quem não conhece a Mônica, a Magali, o Cebolinha e o Cascão? Famosos personagens da literatura infanto-juvenil. Agora, que tal mergulhar na infância do criador dessa turminha? Esta é a proposta da Callis Editora, na semana em que Maurício de Sousa, um dos maiores cartunistas brasileiros, completa 75 anos

Escrito por Audálio Dantas, “A Infância de Maurício de Sousa” conta a história do menino feliz, que nasceu em uma família de artistas e passou boa parte da infância em Mogi das Cruzes, uma cidade do interior de São Paulo, onde as pessoas não se preocupavam em fechar as portas.

Em meio a uma turminha muito unida, o pequeno Maurício jogava pião, descia ladeiras de terra com um carrinho de rolemã e adorava fazer e empinar pipas. Desde cedo, ele demonstrava criatividade com desenhos e formatos de pipas diferentes. Uma delas parecia um avião.

Quando terminavam as brincadeiras, a diversão era ouvir as histórias da Vó Dita, muitas das quais serviram de inspiração para os primeiros desenhos de Maurício. Já no ginásio, o cartunista fez sua primeira revista em quadrinhos, que passava de mão em mão pelos colegas.

Além da infância de Maurício, a Callis Editora conta, por meio da coleção “A infância de...”, as travessuras infantis de personalidades como Graciliano Ramos, Tarsila do Amaral, Ziraldo e muitos outros.

Criacionismo é tema de palestra em Aracaju


Para defender a Teoria do Criacionismo (que tenta explicar o surgimento do universo, tomando por base a Bíblia sagrada), o mestre e escritor Adauto Lourenço tem viajado por todo o Brasil e pelos Estados Unidos.

No período de 27 a 30, ele estará em Aracaju, realizando palestras sobre o assunto. No dia 27, a partir das 18h30, o campus da Farolândia da Universidade Tiradentes – Unit – sediará o encontro, cujo título é ‘Investigando causas naturais e causas inteligentes na busca pelas origens’.

As inscrições podem ser feitas pelo site www.unit.br. No dia 28, às 9h, a palestra acontece no Colégio Americano Batista. As inscrições para este segundo dia também são online, no www.colegioamericanobatista.com.br. De 28 a 30, às 19:30, o mestre e escritor estará na Igreja Presbiteriana de Aracaju. Mais informações podem ser obtidas no www.iparacaju.org ou no ipa@iparacaju.org.

Prêmio 'João Sapateiro de Poesia Popular' movimenta Laranjeiras



A noite da segunda-feira, dia 18, foi de festa em Laranjeiras, com a entrega da premiação da segunda edição do Prêmio João Sapateiro de Poesia Popular. O evento é promovido pela prefeitura da cidade, com o objetivo de estimular e valorizar o trabalho dos artistas sergipanos.

Wedmo Dantas Mangueira Neto foi o dono do primeiro lugar, com a poesia 'Correnteza'. O segundo foi Joselito de Jesus Franco, com 'Celebração'. E o terceiro lugar do pódio foi ocupado pela poetiza Alessandra dos Santos, com 'O genial João Ribeiro'.

MOÇÕES HONROSAS
Nessa segunda edição, o prêmio teve como tema os 150 anos do João Ribeiro, e dezenas de trabalhos de poetas sergipanos foram inscritos.

Antônio Pinheiro Campos, com Tributo a João Ribeiro; José Ronaldson Sousa, com 150 anos de um João de Laranjeiras; e Lucas Rodrigo Modesto Santos, com Os 150 anos de João Ribeiro – Memória de Dois João,foram OS agraciados com as moções honrosas.

Elimine da sua vida qualquer pessoa que não esteja disposta a pagar o preço justo para te merecer!

OLHOS VERMELHOS - Capital Inicial


Os velhos olhos vermelhos voltaram
Dessa vez
Com o mundo nas costas
E a cidade nos pés
Pra que sofrer se nada é pra sempre?
Pra que correr, se nunca me vejo de frente

Parei de pensar e comecei a sentir
Nada como um dia após dia
Uma noite, um mês
Os velhos olhos vermelhos voltaram de vez

Os velhos olhos vermelhos enganam
Sem querer
Parecem claros, frios, distantes
Não têm nada a perder
Por que se preocupar por tão pouco?
Por que chorar, se amanhã tudo muda de novo?

Parei de pensar e comecei a sentir
Nada como um dia após dia
Uma noite, um mês
Os velhos olhos vermelhos voltaram de vez

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

É PROIBIDO



E aqui está um poema de Pablo Neruda sugerido por meu amigo querido - e misterioso - Zé. O rapaz tem bom gosto! Confiram.

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

QUE MEDO DE AMAR QUE NADA!



*Alessandra Cavalcanti

Hoje, o chefinho chegou à Redação cantarolando aquela música de Beto Guedes, intitulada ‘O medo de amar é o medo de ser livre’. A letra maravilhosa e melodia formidável me fizeram parar para pensar se realmente devo acreditar nesta afirmativa tola de que não se ama porque se tem medo. E me recuso a crer no que considero pura balela.

E rebato: medo? Só de bicho peçonhento e de gente ruim. Não se ama porque em determinada vida ainda não chegou aquele alguém que fizesse o coração ficar prestes a sair pela boca. Ou porque ainda não se deu a oportunidade de experimentar um gostoso ‘cafuné sem pressa’, como bem disse Drummond, e de bolar ‘comidinhas pra depois do amor’, de forma bem prendada como citou Vinícius de Moraes.

Não se ama porque se faz questão de deixar as porteiras fechadas para o que a vida tem de melhor e de mais sublime. E assim como Vinícius, ‘eu, francamente, já não quero nem saber de quem não vai porque tem medo de sofrer...”. O amor chega para jogar fora todos os medos.


O MEDO DE AMAR É O MEDO DE SER LIVRE

*Beto Guedes

O medo de amar é o medo de ser
livre para o que der e vier
livre para sempre estar
onde o justo estiver

O medo de amar é medo de ter
de todo momento escolher
com acerto e precisão
a melhor direção

O sol levantou mais cedo e quis
em nossa casa fechada entrar - pra ficar

O medo de amar é não arriscar
esperando que façam por nós
o que é nosso dever - recusar o poder

O sol levantou mais cedo e cegou

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CRENÇA


" Fizeram a gente acreditar que amor mesmo,amor pra valer, só acontece uma vez. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida
só ganha sentido quando encontramos a outra metade.Não contaram que já nascemos inteiros,que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes e que podemos tentar outras
alternativas. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém."

*Desconheço o autor

sábado, 16 de outubro de 2010

RABISCOS DE FERREIRA GULLAR


TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

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NO CORPO

De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares

O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.

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MADRUGADA

Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite

a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes

RABISCOS DE PAULO LEMINSK


RAZÃO DE SER

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

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Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

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não discuto
com o destino

o que pintar
eu assino

RABISCOS DE HILDA HILST


Filha do fazendeiro e poeta Apolonio de Almeida Prado Hilst, Hilda nasceu na cidade de Jaú, em uma família rica do interior paulista. Seu pai morreu esquizofrênico aos 35 anos, o que fez com que Hilda optasse por não ter filhos, uma vez que um médico lhe teria dito que a doença atacava geração sim, geração não. As pessoas que conviveram com a poeta a descrevem como uma pessoa deslumbrante, generosa, dona de palavras ácidas, íntegra e culta. Na juventude, foi tida como uma das mulheres mais bonitas de sua geração. A beleza e a personalidade forte tocaram também Carlos Drummond de Andrade, que dedicou um poema a ela (veja reprodução do poema acima). Hilda foi musa de artistas, poetas – Vinicius de Moraes chegou a se apaixonar por ela – e intelectuais. Foi amiga de Lygia Fagundes Telles – “até o fim da vida”, afirma Lygia – e, com seu comportamento avançado, sempre chocava a sociedade paulistana em meados da década de 50. Hilda Hilst morreu em 4 de fevereiro de 2004, de falência múltipla dos órgãos, depois de uma queda em que fraturou o fêmur.

...............

Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o teu tempo.
Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto.

RABISCOS DE CLARICE LISPECTOR


"Eu não escrevo o que quero, escrevo o que sou."

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"Há uma palavra que pertence a um reino que me deixa muda de horror. Não espantes o nosso mundo, não empurres com a palavra incauta o nosso barco para sempre ao mar. Temo que depois da palavra tocada fiquemos puros demais. Que faríamos de nossa vida pura? Deixa o céu à esperança apenas, com os dedos trêmulos cerro os teus lábios, não a digas. Há tanto tempo eu de medo a escondo que esqueci que a desconheço, e dela fiz o meu segredo mortal."

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"Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."

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"Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite."

ALMA PERFUMADA - Drummond


Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.
De sol quando acorda.
De flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril,mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível,a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos.
Abraçando um filhote de urso panda.
Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.
Do brinquedo que a gente não largava.
Do acalanto que o silêncio canta.
De passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo.
Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas,a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco ,
juntinho ao nosso lado.
E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Tem gente como você que nem percebe como tem a alma perfumada!
E q esse perfume é dom de Deus.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

COMO TUDO COMEÇOU?


O professor Adauto Lourenço - cientista com larga experiência como palestrante no Brasil e nos Estados Unidos -, estará em Aracaju no período de 27 a 30 deste mês, proferindo palestra sobre o ‘criacionismo científico’.

No dia 27, a partir das 18h30, o encontro acontecerá na Universidade Tiradentes – Unit. As inscrições podem ser feitas pelo site www.unit.br. No dia 28, às 9h, o Colégio Americano Batista receberá Adauto Lourenço, que debaterá o tema com os estudantes daquela unidade de ensino.

Para o público em geral, a palestra acontecerá de 28 a 30, na Igreja Presbiteriana de Aracaju, às 19:30. A entrada é franca e neste último caso não há necessidade de inscrição. Outras informações podem ser obtidas no fone (79) 3214-2680 ou nos portais www.iparacaju.org ou ipa@iparacaju.org.

PRAÇA LUIZ GONZAÇA É TRIBUTO ESQUECIDO


Apesar de ter sido homenageado pelo Rei do Baião, município de Propriá não retribuiu à altura e deixou patrimônio ao relento

*Alessandra Cavalcanti
Foto: Ana Lícia Menezes

É unanimidade dizer que Luiz Gonzaga foi o maior cantador do Nordeste. E graças ao seu legado, ele foi homenageado em todo o país com estátuas, bustos, títulos, museu, ruas e praças. Na capital sergipana, por exemplo, o Gonzagão é um importante espaço cultural. No interior do Estado (em especial, nas cidades de Propriá, Malhada dos Bois e Canindé de São Francisco), o Rei do Baião também deixou e levou boas recordações.

No município de Propriá, por exemplo, a amizade firmada com o ex-prefeito Pedro Chaves, rendeu troca de presentes e citações dele e da cidade em canções. Para o seu amigo, Luiz Gonzaga compôs o 'Forró de Pedro Chaves', no ano de 1967. Mas antes disto, em 1951 Gonzagão manifestou a grande vontade de retornar à cidade na composição que intitulou 'Propriá'.

Certamente, Luiz Gonzaga quis eternizar as retribuições à receptividade propriarense. Isto porque na década de 50, entre outras gentilezas, o então prefeito Pedro Chaves construiu a primeira praça do país em homenagem ao Rei - a Praça Luiz Gonzaga - bem no centro da cidade.

Ali, o próprio homenageado cantou - feliz e agradecido - em um grande palco montado especialmente para marcar a sua presença na inauguração do lugar. A cidade ficou em festa e celebrou isto como um dos grandes acontecimentos registrados no Baixo São Francisco sergipano.

ABANDONO
Mas com o passar dos anos, aquele patrimônio - palco da festança que recebeu Luiz Gonzaga - acabou sendo esquecido. A comunidade reclama do abandono e 'não entende' como é que tantos administradores passaram pela cidade sem despertar para a construção de um busto que 'registrasse de uma vez por todas' a importância do Rei do Baião para Propriá.

"A praça era uma beleza: tinha flores, era toda cercada e agora está esquecida. Pela importância e consideração que Luiz Gonzaga teve com Propriá, acho que deveriam cuidar melhor desta área. E o primeiro passo, além da limpeza diária, seria a construção de um busto que deixasse a lembrança dele ainda mais forte entre nós", destaca o comerciante Manoel Messias da Silva, o Dudinha, 62 anos.

Fã incontestável de Luiz Gonzaga, o aposentado Paulo Raimundo dos Santos, 67, cultiva um grande sonho: "Antes de morrer, quero ver um busto bem bonito bem no meio da praça. Gostaria muito que o atual ou o próximo prefeito realizasse este meu desejo", destaca.

PROJETO
De acordo com Martinho José da Silva, secretário da Cultura e do Meio Ambiente de Propriá, a atual administração está amadurecendo um projeto de reforma e ampliação da praça para ser implantado no centenário de Luiz Gonzaga, em 2012.

"A praça de fato é um dos símbolos sergipanos em homenagem ao Rei do Baião. A nossa ideia é fazer a junção da praça e de um canteiro que existe ao lado, fazer uma concha acústica e concentrar tudo em um só lugar", diz o secretário.

"No projeto também haverá um portal com a imagem de Gonzagão. A proposta é para 2012, mas se a administração entender que isto deve ser apressado para o próximo ano, assim faremos", acrescenta Martinho.

QUE SAUDADE DA PROFESSORINHA...


Hoje é Dia do Professor. E 'professor' fica pra sempre na vida da gente. Sinto saudade dos meus - desde os mais exigentes aos mais camaradas. Tia Jeane, Tia Lúcia, Tia Tânia...Dorinha Maciel, Fernanda Barros, Josivaldo Brito, Madre Espírito Santo...Deise Dias, Susane Vidal... Nossa!!! Quanta gente maravilhosa fez parte da minha vida. E o que é melhor: cada um passou registrando as mais importantes lições. Deixo aqui o meu carinho, respeito e admiração por cada 'mestre' 'que me ensinou o bê-à-bá...'

Amo vocês!

À DISTÂNCIA, ENSINO ELIMINA CALOR HUMANO E COMPROMETE QUALIDADE

Atualmente, há 145 instituições credenciadas em todo o Brasil. Destas, 91 são públicas e 54, particulareS. Em Sergipe, Unit disponibiliza 24 polos para 7 mil alunos. UFS conta com mais de 5 mil estudantes matriculados em 15 unidades

*Alessandra Cavalcanti

"Conquiste a formação que você precisa sem sair de casa, com qualidade, economia e flexibilidade". Com esta mensagem como estivesse vendendo pasta de dente e sabonete, o portal do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e à Distância - AbraEAD - convida pessoas a ingressarem no mundo universitário, utilizando-se apenas de um computador conectado à internet e doses cavalares de dedicação. Está aí a senha do sucesso ou do fracasso?

De acordo com o AbraEAD, um em cada 73 brasileiros estuda à distância. E, somente em 2007, mais de 2,5 milhões de pessoas fizeram isto. Atualmente, há 145 instituições credenciadas em todo o Brasil. Destas, 91 são públicas e 54, particulares. O AbraEAD também verificou que 15% das matrículas do ensino superior do país estão nesta modalidade de ensino. O percentual representa 791 mil pessoas distribuídas em quase 650 cursos.

Mas a pergunta é: será que o ensino à distância realmente supre as necessidades dos alunos quando o presencial anda tão cambaleante? As opiniões são distintas. A estudante Maria Paula dos Santos (nome fictício), por exemplo, já pensou até em desistir do curso Letras Português/Espanhol que faz no polo da Universidade Tiradentes em Carira.

O fato de não contar com a presença do professor - e este profissional é insubstituível, sim, em salas de aula - para corrigir os erros de conversação e esclarecer outras dúvidas têm desestimulado a aluna. "Estou no terceiro período e até agora só tive aulas de espanhol no segundo. A conversação é zero, e não sei se vale a pena continuar", desabafa Maria Paula.

Segundo, Fábio Alves, vice-diretor do Centro de Educação Superior a Distância - Cesad - da UFS, a principal dificuldade para um aluno que ingressa em um curso à distância é o estabelecimento de uma rotina própria de estudos, além de ter que estudar sem a presença física do professor.

"Estamos habituados ao ensino presencial. E a EaD, por sua vez, possibilita que o aluno adeque sua rotina de estudo às suas particularidades de horário, e não o força a percorrer longas distâncias até um local determinado para ter uma aula", ressalta Fábio Alves.

OLHO NO OLHO
Marcos Danilo de Almeida não tem queixas a fazer sobre o curso de Biologia do polo da Universidade Aberta do Brasil - UAB - em Nossa Senhora da Glória. "Também faço o curso presencial de Direito, na Unit, e vejo que tudo depende do empenho do aluno para aprender. As dúvidas que tenho lá são as mesmas que surgem no ensino à distância", argumenta Marcos.

Apesar de acreditar nos efeitos positivos da EaD, Carlos Roberto de Souza, coordenador do polo da UAB em Glória, destaca que os cursos de Matemática, Química e Física são os que possuem maior índice de desistência dos alunos. Isto comprova a dificuldade provocada pela ausência de professores em tempo real para o esclarecimento de dúvidas e eventuais orientações.

José Augusto do Nascimento, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares do Ensino Superior de Sergipe - Sinepe/SE -, acredita que em qualquer formação a convivência é muito importante, porque somente a figura humana pode captar as necessidades do outro.

"Não se pode formar alguém simplesmente pelo sonho. Não dá para desenvolver um aluno sem trabalhá-lo olho no olho, sem que sua expressão facial, angústias e necessidades sejam vistas", destaca José Augusto.

Para Ronaldo Linhares, professor, doutor e coordenador adjunto do Programa Estadual de Educação Profissional a Distância da Unit, a EaD é apenas uma modalidade dentro do processo de educação formal dos sujeitos. "Não cabe pensar se é melhor ou pior. Ela tem uma função social importante numa sociedade em que a produção do conhecimento e o acesso a este é cada vez mais exigido como indicador da formação profissional e nas demandas do mercado", avalia. Que história é esta, professor? Claro que cabe, sim, perguntar e inquirir o que é melhor e o que é pior. Não basta suprir do pior apenas porque não se pode conceder o melhor.

FUNÇÃO SOCIAL
Segundo José Augusto do Nascimento, o ensino à distância é uma 'realidade mundial' e que, por isso, tende a crescer cada vez mais. Mesmo que ruim. No entanto, ele acredita que ainda há muita coisa para avançar no país. "O aluno brasileiro ainda não tem o hábito de estudar sozinho, sendo orientado de longe. Outra questão é: as instituições estão sendo criadas sem nenhuma identidade. O estudante não tem a quem se reportar, reclamar, pedir ajuda", observa o presidente do Sinepe/SE.

"O máximo que maioria das instituições do país tem é um site. Elas não têm endereço fixo nem jurídico. Ninguém sabe quem é o diretor nem o coordenador", critica José Augusto, que garante que em Sergipe essa realidade é um pouco diferente. "Aqui temos condição de saber a procedência das instituições que prestam este tipo de serviço", acrescenta. No entanto, apesar deste 'diferencial, percebe-se que o Estado não está bem organizado, já que não se sabe exatamente o número das faculdades sergipanas que ensina à distância. Nem o Conselho Estadual de Educação dispõe destes dados.

POLOS
De acordo com Jane Freire, gerente do Núcleo de Educação à Distancia da Unit - Nead -, em 2009 o censo só apontou as universidades Tiradentes e Federal como instituições cadastradas. "A Unit tem 24 polos distribuídos no interior sergipano. São 7 mil alunos estudando à distância nos cursos de graduação e pós graduação", diz Jane Freire.

Na UFS, há 5.385 alunos matriculados em 15 polos distribuídos nos municípios de Arauá, Areia Branca, Brejo Grande, Estância, Laranjeiras, Japaratuba, Poço Verde, Porto da Folha, São Domingos, Carira, Dores, Glória, Lagarto, Propriá e São Cristóvão.

"O objetivo é ampliar as oportunidades de acesso ao ensino superior para a população sergipana. É parte do projeto de expansão e interiorização da UFS, que conta com a abertura de novos Campi em Itabaiana, Laranjeiras e Lagarto, e com a oferta de cursos à distância", explica Fábio Alves, vice-diretor do Cesad.