domingo, 1 de abril de 2012

O ecumenismo condiz com a vontade de Deus?



O que a Bíblia esclarece sobre esses assuntos que dividem tantas opiniões no meio evangélico, e fora dele também?

Alessandra Cavalcanti

“Parece uma coisa tão bonita: pessoas de religiões diferentes convivendo em paz, falando bem dos outros e das religiões distintas. Temas de paz, compreensão e amor ao próximo são bons e importantes, mas será que o discípulo de Cristo deve abraçar os movimentos ecumênicos? Esta tendência representa o caminho certo para servir a Deus no século XXI?”, questiona o teólogo Dennis Allan, em seu artigo ‘Ecumenismo e a vontade de Deus’.

Para começo de conversa, é importante ressaltar que a palavra ecumenismo pode ser usada de maneiras diferentes e em diversos contextos. “Pode se referir aos movimentos que promovem ecumenismo cristão, ou seja, fraternidade entre as religiões que acreditam e seguem os ensinamentos de Cristo”, esclarece Dennis.

Segundo o teólogo, esses movimentos envolvem vários níveis ou aspectos. Falam sobre reuniões entre líderes religiosos para promover a tolerância e a compreensão, ou a respeito de várias organizações religiosas. Às vezes, juntam forças para realizar obras sociais e culturais. Outras iniciativas buscam minimizar diferenças teológicas e doutrinárias, dizendo que as diversas religiões são boas e igualmente válidas, e que todas buscam os mesmos benefícios para os homens.

PLURALISMO

Allan também cita o termo ‘pluralismo’ e interliga-o ao ecumenismo. Para ele, o pluralismo está ligado à ideia de não existir verdade absoluta, aceitando, assim, ‘verdades divergentes’ como igualmente válidas. “Se aplicasse a mesma noção na sala de aula, uma professora elogiaria um aluno que respondesse que 2 + 2 = 4, e daria a mesma aprovação para outro que dissesse que 2 + 2 = 8. Cada um tem a sua própria verdade”, explica.

Isso quer dizer que no ecumenismo cristão pessoas de igrejas diferentes aplicam o pluralismo para decidir que algumas doutrinas são essenciais, enquanto outras são sujeitas à interpretação, tradição e opiniões próprias. “Desta maneira, podem achar essencial acreditar na morte e ressurreição de Jesus, mas não importante aceitar o que ele diz sobre o batismo. Podem dizer que é importante acreditar em Jesus, mas não precisa, necessariamente, acreditar nos milagres ou nos ensinamentos dele”, exemplifica.

Allan também destaca que quando os ecumênicos procuram aprovação de Deus, sempre destacam o amor dele, que é uma característica importantíssima da natureza divina. No entanto, ressalta que para tentar justificar a união do ‘sagrado com o profano’, acabam se esquecendo da santidade do Senhor, que é um outro aspecto fundamental de seu caráter. Assim, o teólogo avalia o ecumenismo como sendo dependente de uma teologia desequilibrada.

COMO DEVEMOS AGIR?

Este mesmo teólogo que argumenta, também faz alguns questionamentos. “Podemos ser pessoas santas em um mundo influenciado pelo pluralismo e pelo espírito ecumênico? Como viver para agradar a Deus neste ambiente de compromisso e desrespeito pela verdade única que ele revelou?”, indaga. Segundo ele, a consideração de alguns princípios bíblicos são essenciais para encontrar as respostas.

“Procurar viver em paz com todas as pessoas, amando como Jesus amou; seguir a doutrina revelada por Jesus e seus apóstolos, como fizeram os primeiros discípulos; pregar a mensagem da salvação oferecida exclusivamente por meio de Jesus;  conhecer e pregar o único caminho à salvação por meio de Jesus Cristo crucificado;  rejeitar aqueles que ensinam outras doutrinas; manter a nossa separação e santidade”, orienta Allan. O teólogo adverte, ainda, que apesar das palavras suaves de líderes de diversas igrejas e religiões, o servo de Deus precisa aprender a escolher entre o certo e o errado.

COM A PALAVRA, PASTORES SERGIPANOS:

Ricardo Carvalho – Comunidade Presbiteriana de Aracaju (CPA)

“Acredito que existem pontos doutrinários que não afetam a minha caminhada como cristão e o meu relacionamento com Deus. Se não são aceitos por mim, mas não trazem nenhuma implicação no ensino bíblico, não luto contra essas doutrinas. Acho que existem pontos inegociáveis na Bíblia, como, por exemplo, a sua inspiração, a sua veracidade, a salvação pela graça e somente através de Cristo, a soberania e a imutabilidade de Deus, Jesus como único mediador entre Deus e os homens, etc.. No conceito atual de ecumenismo, ou seja, a tentativa de caminharmos juntos, mantendo as nossas diferenças, considero algo sem muito futuro. Ninguém vai abrir mão do que pensa e crê. Não tenho como caminhar tranquilo com quem não aceita aquilo que considero essencial nas Escrituras. Acredito que podemos praticar a chamada co-beligerância, ou seja, trabalhar juntos em frentes que cabem a todo e qualquer ser humano. Isso envolve ações sociais, ajudas humanitárias, justiça social, etc. A Bíblia fala de unidade. Tomo como base Efésios 4:4-6, onde a ideia bíblia é que “há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos...” Já participei de vários cultos ecumênicos. Para mim sempre foi uma excelente oportunidade de pregar a Palavra de Deus. A minha última experiência foi extremamente desagradável e hoje só participo se as regras forem bem definidas."

Pastor Euquias Correia da Silva – vice-presidente da União dos Ministros Evangélicos de Sergipe em Aracaju (Umese)

O ecumenismo acontece naturalmente em nossas relações sociais e pode ser uma porta para pregação do evangelho por palavras e obras. Paulo demonstrou que conseguia conviver com todos para de alguma maneira glorificar o nome de Jesus e ganhar almas para o Seu Reino, que é uma de suas ordens para a Igreja. Mas para isto o cristão precisa conhecer e viver a Palavra para que possa ser luz, não ser influenciado e considerar o momento e as razões para estar junto, pois há tempo para se juntar e há tempo para deixar de se juntar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário